Olá
pessoal,
Quem leu o meu último artigo talvez não tenha
entendido o motivo pelo qual eu resgatei uma boa parte do meu plano de
previdência complementar, que pode ser pública ou privada (no meu caso era privada
junto ao banco). Vou explicar aqui de forma mais detalhada esse motivo e
mostrar em quais casos um bom plano de previdência complementar pode se
encaixar num planejamento financeiro de longo prazo.
Primeiramente, vamos tratar sobre as
vantagens de se investir em um plano de previdência complementar, especificamente
o do tipo PGBL (Plano Garantidor de Benefícios Livres). Enquanto o plano
estiver vigente, não incide imposto de renda sobre os rendimentos das
aplicações, permitindo uma aceleração maior da massa crítica de recursos. Essas
aplicações podem ser deduzidas na declaração do imposto de renda no modelo
completo até o limite de 12% da renda tributável anual. Além disso, os
herdeiros do titular, após a morte deste, se tornam beneficiários do plano de
forma automática, sem passar por inventário. Até aí ótimo, tudo lindo e
maravilhoso. O problema, meus caros colegas, é que as taxas de administração
dos dois fundos de investimentos que compõe o meu plano são muito altas, sendo
o de renda fixa 1,8% a.a. e o multimercado 2,5% a.a., e levando para o longo
prazo o efeito corrosivo dessas taxas seria muito grande. Percebi que não
compensaria retirar pró-labore mensalmente para ter uma renda tributável a ser
abatida na declaração do imposto de renda.
Após alguns anos de estudo cheguei a algumas
conclusões. Não compensa contratar um PGBL em uma instituição privada
levando-se em consideração as taxas de administração e as taxas de carregamento
-dependendo dos valores a serem aplicados eles podem te isentar dessa taxa -
cobradas na maioria das instituições financeiras. Em algumas instituições com
spread menor, dependendo dos fundos de investimento a serem acessados pelo
titular, consegue-se taxas mais atrativas, mas em compensação corre-se o risco
da instituição falir futuramente, pois previdência privada não é coberta pelo
FGC (Fundo Garantidor de Crédito). É um caso a se pensar para os servidores
públicos federais e os executivos seniores das grandes multinacionais que
sofrem pesada tributação na fonte. Os primeiros já contribuem para a FUNPRESP
que é a autarquia federal que administra os fundos de pensão e os segundos muitas
vezes já contam com uma contribuição complementar da empresa multinacional. Mas
para quem tem uma renda tributável menor e não conta com a ajuda do empregador,
é necessário avaliar a necessidade de contratar um plano, preferencialmente com
o auxílio de um profissional (geralmente um consultor ou planejador
financeiro).
Mesmo com a ajuda de um profissional não é
uma decisão simples e fácil de ser tomada, pois existem muitas variáveis que
influenciam no andamento do plano. Você pode mudar de cidade, mudar de emprego,
sofrer um acidente, ficar doente e/ou inválido, divorciar-se, enfim, vários
fatos na sua vida podem impactar todo o seu planejamento financeiro, incluindo
aí o seu plano de previdência complementar. O leitor deve compreender que esse
tipo de plano implica em um contrato de longo prazo a ser firmado entre ele e
uma instituição financeira cujas cláusulas são elaboradas para proteger os
interesses da instituição e não os seus. Caso o titular rescinda o contrato
antes do prazo definido, ele será severamente punido arcando com taxas de
carregamento, taxas de saída (em algumas instituições) e imposto de renda.
Acredito que as categorias profissionais dos
servidores públicos federais são as mais beneficiadas por um plano como esse,
pois recebem altas remunerações e, consequentemente, sofrem altos descontos de
imposto de renda na fonte, além de uma estabilidade maior no cargo, permitindo
uma disciplina maior no aporte de recursos. Para outras categorias
profissionais deve se analisar cuidadosamente todos os fatores que possam
influenciar no plano, como idade, renda tributável, plano de carreira,
aspirações profissionais, riscos ocupacionais, etc. A instituição que irá
administrar os recursos também deve ser analisada, como a natureza jurídica, a
idoneidade da diretoria, a saúde financeira, entre outros detalhes. Lembrem-se do
que ocorreu com os fundos de pensão da Petrobras, dos Correios e de outras
estatais. Comodidade não é a mesma coisa de segurança. Independente de qual
seja a sua decisão, seja sempre vigilante com o seu dinheiro!
Abraços,
Seja
Independente
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