segunda-feira, 13 de julho de 2020

Vale a pena contratar um plano de previdência complementar?


Olá pessoal,

  Quem leu o meu último artigo talvez não tenha entendido o motivo pelo qual eu resgatei uma boa parte do meu plano de previdência complementar, que pode ser pública ou privada (no meu caso era privada junto ao banco). Vou explicar aqui de forma mais detalhada esse motivo e mostrar em quais casos um bom plano de previdência complementar pode se encaixar num planejamento financeiro de longo prazo.               
  Primeiramente, vamos tratar sobre as vantagens de se investir em um plano de previdência complementar, especificamente o do tipo PGBL (Plano Garantidor de Benefícios Livres). Enquanto o plano estiver vigente, não incide imposto de renda sobre os rendimentos das aplicações, permitindo uma aceleração maior da massa crítica de recursos. Essas aplicações podem ser deduzidas na declaração do imposto de renda no modelo completo até o limite de 12% da renda tributável anual. Além disso, os herdeiros do titular, após a morte deste, se tornam beneficiários do plano de forma automática, sem passar por inventário. Até aí ótimo, tudo lindo e maravilhoso. O problema, meus caros colegas, é que as taxas de administração dos dois fundos de investimentos que compõe o meu plano são muito altas, sendo o de renda fixa 1,8% a.a. e o multimercado 2,5% a.a., e levando para o longo prazo o efeito corrosivo dessas taxas seria muito grande. Percebi que não compensaria retirar pró-labore mensalmente para ter uma renda tributável a ser abatida na declaração do imposto de renda.




  Após alguns anos de estudo cheguei a algumas conclusões. Não compensa contratar um PGBL em uma instituição privada levando-se em consideração as taxas de administração e as taxas de carregamento -dependendo dos valores a serem aplicados eles podem te isentar dessa taxa - cobradas na maioria das instituições financeiras. Em algumas instituições com spread menor, dependendo dos fundos de investimento a serem acessados pelo titular, consegue-se taxas mais atrativas, mas em compensação corre-se o risco da instituição falir futuramente, pois previdência privada não é coberta pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito). É um caso a se pensar para os servidores públicos federais e os executivos seniores das grandes multinacionais que sofrem pesada tributação na fonte. Os primeiros já contribuem para a FUNPRESP que é a autarquia federal que administra os fundos de pensão e os segundos muitas vezes já contam com uma contribuição complementar da empresa multinacional. Mas para quem tem uma renda tributável menor e não conta com a ajuda do empregador, é necessário avaliar a necessidade de contratar um plano, preferencialmente com o auxílio de um profissional (geralmente um consultor ou planejador financeiro).        
  Mesmo com a ajuda de um profissional não é uma decisão simples e fácil de ser tomada, pois existem muitas variáveis que influenciam no andamento do plano. Você pode mudar de cidade, mudar de emprego, sofrer um acidente, ficar doente e/ou inválido, divorciar-se, enfim, vários fatos na sua vida podem impactar todo o seu planejamento financeiro, incluindo aí o seu plano de previdência complementar. O leitor deve compreender que esse tipo de plano implica em um contrato de longo prazo a ser firmado entre ele e uma instituição financeira cujas cláusulas são elaboradas para proteger os interesses da instituição e não os seus. Caso o titular rescinda o contrato antes do prazo definido, ele será severamente punido arcando com taxas de carregamento, taxas de saída (em algumas instituições) e imposto de renda.
  Acredito que as categorias profissionais dos servidores públicos federais são as mais beneficiadas por um plano como esse, pois recebem altas remunerações e, consequentemente, sofrem altos descontos de imposto de renda na fonte, além de uma estabilidade maior no cargo, permitindo uma disciplina maior no aporte de recursos. Para outras categorias profissionais deve se analisar cuidadosamente todos os fatores que possam influenciar no plano, como idade, renda tributável, plano de carreira, aspirações profissionais, riscos ocupacionais, etc. A instituição que irá administrar os recursos também deve ser analisada, como a natureza jurídica, a idoneidade da diretoria, a saúde financeira, entre outros detalhes. Lembrem-se do que ocorreu com os fundos de pensão da Petrobras, dos Correios e de outras estatais. Comodidade não é a mesma coisa de segurança. Independente de qual seja a sua decisão, seja sempre vigilante com o seu dinheiro!       






Abraços,
Seja Independente

Nenhum comentário:

Postar um comentário