Olá
pessoal,
Neste artigo de hoje eu falarei sobre um
dilema econômico cuja solução está longe de ser unânime entre os economistas.
Afinal, qual é a melhor política monetária para um país subdesenvolvido como o
Brasil nos dias de hoje? Ancorar a taxa de juros em patamares maiores e permitir
a cotação do dólar baixar, ou empurrar a taxa de juros para patamares mínimos e
afrouxar o aumento agressivo da cotação do dólar, que é a opção adotada
atualmente pelo Ministério da Economia? Eu sei, é um pouco mais complexo do que
o normal tomar uma decisão como essa quando existe uma infinidade de variáveis
que devem ser levadas em consideração. Vamos discutir.
Para quem não é muito familiarizado com o
estudo da Economia, permita-me tecer algumas breves explicações. A taxa de
juros básica fixada pelo Banco Central, chamada Taxa Selic, é a taxa que irá balizar
todas as taxas de juros das operações financeiras praticadas pelo mercado.
Quando o governo decide adotar uma política monetária contracionista para
debelar uma inflação descontrolada, ele ancora a taxa de juros em patamares bem
elevados, aumentando a taxa real de juros, que é aquela descontada da inflação.
Isso atrai investidores estrangeiros que injetam dólares na nossa economia para
surfar nessa onda de juros reais altos e, consequentemente, desvalorizam o
dólar perante o real, fenômeno ocorrido na década de 90 nos primeiros anos do
Plano Real. Já quando o governo decide adotar uma política monetária
expansionista para reanimar uma economia deflacionada ou estagflacionada, ele
empurra a taxa de juros para patamares mínimos, deixando a taxa real de juros
em muitos casos, negativa. Isso desmotiva investidores estrangeiros a aplicar
dólares em nossos juros, o que acarreta uma fuga maciça de dólares,
valorizando-o perante o real. Esse último tipo de política monetária é o que
está sendo adotado pelo nosso Ministro da Economia, Paulo Guedes. E é por isso
que estamos vendo um dólar tão alto.
E qual a minha posição em relação a isso?
Primeiramente, devemos levar em consideração que a economia mundial ainda está
sentindo os efeitos da crise do subprime
de 2008, onde o FED (Banco Central Americano) injetou trilhões de dólares na
economia. Com um risco iminente de estourar uma nova crise econômica na última
década, vários investidores ao redor do mundo resgataram os seus dólares
investidos em países emergentes e os aplicaram nos EUA, valorizando a moeda
norte-americana perante quase todas as moedas do mundo. Além disso, com a
eclosão da pandemia da covid-19 no mundo inteiro, essa busca desenfreada por
dólares se intensificou, valorizando-o ainda mais. Diante dessa atual
conjuntura econômica internacional e da atual estagnação econômica nacional que
já dura vários anos (desde a recessão de 15-16), podemos dizer que a política
monetária expansionista é a ideal nesse momento, no meu entendimento. Mas isso
está longe de ser um consenso entre os economistas e os estudiosos da matéria.
Para quem quer se aprofundar mais nesse assunto, recomendo estudar o pensamento
dos economistas da Escola Austríaca de Economia, pensamento esse difundido aqui
no país pelo Instituto Mises Brasil. Mises é uma referência ao economista
austríaco Ludwig Heinrich Edler von Mises, membro dessa escola. No próprio site
do instituto existe um artigo onde se discute esse dilema sob o ponto de vista
deles, que é bem ortodoxo (ver
aqui). Segundo essa escola de pensamento, que é puramente liberal, todo
banco central deveria ser independente e talvez nem devesse existir, pois o
monopólio governamental de criação da moeda é o responsável pelas crises
econômicas e sendo assim deveriam existir várias moedas em todos os países,
concorrendo entre si, cada qual procurando ser a melhor para os consumidores.
Esse pensamento é o que corrobora a tese das criptomoedas.
Ludwig Heinrich Edler von Mises |
Muitos também advogam a favor dessa política
monetária expansionista pelo fato de que com um dólar mais alto o Banco Central
tem condições de diminuir ainda mais a dívida pública, já que o Brasil é um dos
países que mais tem reservas internacionais em dólar no mundo. Alguns
economistas discordam frontalmente dessa atitude, como é o caso dos seguidores
da Escola Austríaca de Economia. Eu, particularmente, não tenho uma opinião formada
a respeito, pois eu não sei quais são os custos envolvidos nesse tipo de
transação e, sendo assim, não sei se compensa mais rolar a dívida pública ou
vender essas reservas. Apenas sei que é muito importante para qualquer país
emergente possuir reservas internacionais em dólar e ouro para utilizá-los em
casos de extrema escassez de moeda nacional.
Abraços,
Seja
Independente
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