terça-feira, 14 de julho de 2020

É muito difícil analisar uma ação?


Olá pessoal,

  Vocês acham que é muito difícil analisar uma ação? Se sim, fiquem sabendo que não é tão complicado como vocês imaginam, e que agora neste exato momento a Bolsa de Valores [B³] possui 2.678.353 CPF’s cadastrados (fonte). Isso significa dizer que já existe no Brasil uma quantidade de investidores equivalente à população da capital Fortaleza/CE (fonte) que já investe diretamente em títulos públicos, fundos imobiliários, ações e ETF’s. Nem todos esses investidores são profissionais do mercado financeiro ou são profissionais da área de exatas e humanas I, que tem uma maior facilidade com cálculo. Alguns deles são profissionais da área da saúde, da área de humanas II e III (direito, psicologia, pedagogia etc.) e alguns deles tem até o ensino médio/técnico. Investir é uma atividade como qualquer outra. Vou explicar.    
    Primeiramente, quem é leigo e nunca investiu o seu suado dinheiro na “fonte”, mas apenas através dos fundos de investimentos “vampiros” e produtos “cavalo de Tróia” dos bancos tradicionais, deve compreender antes de mais nada que uma carteira de investimentos deve ser programada de acordo com o seu perfil de risco e para atender os seus objetivos, e não perder dinheiro em especulações. Para isso, conhecer quais são os riscos e como administrá-los é fundamental para dar os primeiros passos. E como podemos fazer isso? Adquirindo noções de Economia e Contabilidade para analisar os ativos que irão compor a sua carteira.   
  Se o indivíduo leigo no assunto resolve tomar as rédeas da sua vida financeira, ele tem a sua disposição atualmente uma gama de opções na internet de cursos, sites, blogs e e-books gratuitos ou custando um preço simbólico, que ensinam como investir no mercado financeiro de forma completa. Nunca na história do Brasil foi tão acessível estudar para se tornar um investidor como nos dias atuais. Em um artigo do blog eu trato sobre essa acessibilidade que nós temos atualmente (ver aqui). Pois então, nesse manancial de opções é possível o indivíduo leigo adquirir noções de Economia e Contabilidade de forma simples e prática. Não é necessário ser doutor nessas matérias para começar a investir, mas apenas “encaixotar algumas ferramentas” na sua mente para analisar os ativos.
  Analisar os diferentes ativos de renda variável não requer o uso de “ferramentas” muito diferentes. A análise de uma ação é muito similar à análise de um fundo imobiliário, por exemplo. Inicialmente, o investidor deve analisar todo o contexto macroeconômico no qual um ativo está inserido, como o país e o setor de atuação, basicamente. Após essa análise macro, o investidor começa a analisar a empresa em si, como os seus indicadores contábeis, as demonstrações financeiras, a governança corporativa e o peso dela no setor em que atua.  
  Podemos destrinchar mais um pouco essas análises. O país pode ter um ambiente de negócios hostil, pode ter um “capitalismo de araque” (Bredda, Henrique) com vários monopólios e pode ter uma moeda desvalorizada. O setor de atuação pode ter uma demanda elástica ou inelástica, ter um monopólio ou oligopólio de empresas, ter as suas receitas dolarizadas e ser muito dependente de capital de terceiros (construção civil). A empresa pode ter indicadores contábeis frágeis como dívida líquida/patrimônio líquido muito alto, margem líquida baixa e retorno sobre patrimônio líquido (ROE) baixo. As demonstrações financeiras podem estar auditadas de forma inadequada e com muitas notas explicativas. A governança corporativa pode estar comprometida com conflitos de interesse na diretoria e no conselho de administração. A empresa pode ser líder do setor, mas está vendo o seu market share sendo ameaçado por concorrentes mais ágeis.
  Mesmo que o leigo prefira delegar os seus investimentos a um profissional, é importante que ele tenha um pouco de conhecimento para não ser ludibriado ou prejudicado por um erro técnico do profissional. Ou quando você vai a um mecânico fazer a manutenção do seu carro ou a um médico examinar a sua saúde, você não questiona os procedimentos e os preços cobrados? A mesma coisa você deve fazer em relação ao seu dinheiro. Lembre-se que cada centavo recebido é um segundo da sua vida gasto com o seu trabalho. Valorize-o!


Abraços,
Seja Independente

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