sábado, 28 de dezembro de 2019

Fundos de Investimentos



Olá pessoal,
                            
  Hoje eu vou abordar um assunto muito importante para os investidores, que são os fundos de investimento. Existe atualmente uma variedade muito grande de fundos de investimento, inclusive alguns são desconhecidos pela maioria dos investidores, que são aqueles fundos destinados aos investidores qualificados e profissionais. Vou explicar neste artigo as características de cada classe de fundos e as suas desvantagens, e os cuidados que todo investidor deve ter ao selecionar os fundos para a sua carteira.
  Primeiramente, vamos falar sobre as principais classes de fundos de investimentos regulamentadas pela CVM, aquelas que são mais acessíveis para o público investidor em geral. Existem os fundos de renda fixa, os fundos de ações, os fundos multimercados e os fundos cambiais. Algumas delas têm as suas subclassificações. Por exemplo, dentro da classe de renda fixa, existem os fundos Referenciados, os fundos de Curto Prazo, os fundos de Longo Prazo, os fundos Simples e os fundos de Dívida Externa (veja aqui). Dentro da classe de ações, existem os fundos BDR Nível 1 e os fundos Mercado de Acesso (veja aqui). Já os fundos multimercados e os fundos cambiais não possuem subclassificações. Todos esses fundos de investimento são, via de regra, abertos, o que significa dizer que eles podem ter as suas cotas resgatadas pelo cotista depois de um prazo de carência. Mas existem outros fundos de investimentos regulamentados pela CVM que são fechados, ou seja, as suas cotas não podem ser resgatadas a qualquer momento, apenas nos casos de encerramento do fundo ou venda das cotas no mercado secundário. Dentre eles, os mais conhecidos são os fundos de investimentos imobiliários, cuja aquisição das cotas é realizada da mesma forma das ações, pelo home broker (veja aqui).  
  Agora vamos falar sobre as desvantagens dos fundos de investimentos. Uma desvantagem que é comum a todos eles, com a exceção dos fundos de ações, dos fundos imobiliários, dos fundos de previdência privada e dos fundos de debêntures incentivadas, é o imposto de renda come-cotas. O que seria esse “come-cotas”? É uma antecipação do recolhimento do imposto de renda que ocorre a cada seis meses, no último dia de maio e no último dia de novembro. Esse nome vem justamente do fato desse imposto deduzir as cotas que os cotistas têm no fundo, ao invés de reduzir o valor da cota. Esse IR incide sobre os rendimentos do fundo e não sobre o valor total aplicado. Dito isso, é muito importante para o investidor que gosta de investir através de fundos atentar para esse detalhe. Mas a decisão de aportar nesses fundos vai depender principalmente dos objetivos a serem alcançados. Por exemplo, um investidor pretende morar no exterior definitivamente daqui a alguns anos e decide investir num fundo cambial para não perder poder de compra nos primeiros meses no exterior. Mesmo com esse custo antecipado, o investidor terá as suas necessidades atendidas de forma segura. Outra desvantagem inerente a todos os fundos, sem exceção, é a majoração das taxas de administração dos fundos ao longo do prazo de duração deles. Essa taxa é a remuneração do administrador do fundo e de toda a sua equipe, inclusive do gestor que gerencia o portfólio de ativos do fundo. Em alguns casos, é plausível majorar essa taxa após vários anos de boa gestão e entrega de rentabilidade acima da média do mercado. Lembrando que essa majoração só pode ser efetivada após autorização dos cotistas em Assembleia Geral Extraordinária de Cotistas. Mas em vários outros casos não se justifica a majoração da taxa. Na Assembleia, os cotistas são convencidos a aceitarem essa majoração, sem uma justificativa razoável, corroendo a rentabilidade do fundo ao longo do prazo de duração dele.

Imposto de renda come-cotas

                                   


  Existem outras desvantagens em relação aos fundos de investimentos, mas me ative apenas aos que considero como mais importantes, para o artigo não ficar muito extenso. Por essas e outras razões que eu invisto apenas em fundos imobiliários e ETF (Exchange Traded Fund), pois são fundos que no meu ponto de vista apresentam mais vantagens do que desvantagens. Os fundos imobiliários não sofrem incidência de IR come-cotas, pagam rendimentos mensais isentos de imposto de renda e costumam gerar valor ao longo do tempo (são ativos de renda variável). Já os ETF são excelente instrumento de diversificação, já que são atrelados a um determinado índice e costumam ter baixa taxa de administração. Lembrando aqui que não estou recomendando nenhum tipo de investimento. Cabe ao investidor tomar todos os cuidados antes de investir em um determinado fundo: ler o regulamento e o prospecto do fundo para tomar ciência dos riscos inerentes a ele, entender a política de investimento do fundo e saber se a mesma se encaixa com os seus objetivos, conhecer quem são o administrador e o gestor do fundo, saber a quantidade de cotistas e o valor do patrimônio líquido do fundo, etc.
  Os fundos de investimento geralmente são os primeiros investimentos realizados pelos investidores iniciantes. Mas é necessário entender como eles funcionam antes de decidir se investe ou não investe. Caso o futuro cotista não tenha interesse em se tornar um verdadeiro investidor e não tenha tempo para estudar um pouco a respeito, é interessante contratar um profissional habilitado para assessorá-lo nesses momentos. É um custo que se paga. Afinal, com o nosso dinheiro suado não dá para brincar, não é mesmo?
 
Abraços,
Seja Independente

sábado, 21 de dezembro de 2019

Investimento no Exterior



  Olá pessoal,
                            
  Hoje eu vou abordar um assunto muito importante para os investidores, que é o investimento em ativos no exterior. Como alguns já devem saber, existem duas formas de se investir em ativos internacionais. A primeira é investindo diretamente aportando em uma corretora local através de remessa de dólares. A outra é investindo em produtos lastreados em ativos internacionais emitidos no Brasil, como fundos de investimento em ativos internacionais, ETF (Exchange Traded Fund) e BDR (Brazilian Depositary Receipt). Vou explicar no artigo no que implica investir em cada modalidade e qual deles atende melhor o objetivo específico de cada investidor.
  Primeiramente, vamos falar sobre o investimento direto através de remessa de dólares. Nesse caso, o investidor necessita previamente abrir uma conta em uma corretora de valores no exterior, como por exemplo, a corretora Avenue Securities, que tem sido bastante requisitada pelos brasileiros nos últimos anos (veja matéria). Após abrir a conta, o investidor necessita remeter os dólares para os EUA através de uma instituição financeira que vai cobrar uma taxa para tal serviço. Desde 2016 existe uma plataforma digital em parceria com o Banco Máxima que faz essa remessa de uma forma muito mais acessível, chamada Remessa Online (ver matéria). Ela tem sido muito requisitada desde então, assim como a Avenue Securities. Sendo assim, o investidor não residente nos EUA passa a ter acesso ao maior mercado de valores mobiliários do mundo, com toda a sua gama gigantesca de ativos. Mas vale uma ressalva aqui. O investidor de longo prazo que tem o objetivo de obter renda passiva dos seus investimentos capaz de garantir uma independência financeira a ele, dificilmente vai conseguir isso num tempo razoavelmente esperado pela maioria dos investidores (15 a 20 anos), a não ser que esse investidor tenha uma grande capacidade de aportar somas de recursos relevantes na corretora norte-americana, o que não é o caso da maioria dos investidores brasileiros de renda média. Essa dificuldade de obter uma renda passiva em dólares somada a uma renda passiva em reais, capaz de garantir uma tranquilidade financeira, se deve ao fato dos ativos norte-americanos serem bem menos acessíveis aos brasileiros, começando pela disparidade do câmbio, ou seja, o investidor nacional precisa de um valor hoje QUATRO vezes maior para investir em um ativo internacional de uma forma “equitativa”, sem contar as taxas de remessa. Outro detalhe relevante é que, não apenas hoje, mas historicamente, os ativos norte-americanos são bem mais valorizados do que os ativos brasileiros, ou seja, eles são mais “salgados”, e isso se deve a uma série de fatores, dentre eles, a estabilidade político-econômica dos EUA, diferente do nosso país, que sempre foi instável.




  Mas isso significa dizer que não devemos investir no exterior? De forma nenhuma, muito pelo contrário. E é aí que entra a outra modalidade que é investir em produtos lastreados em ativos internacionais emitidos e distribuídos pelas instituições financeiras nacionais (bancos e corretoras). Em minha opinião, a melhor alternativa e é a que eu utilizo hoje para mim, é o ETF, que nada mais é do que um fundo de ações tendo como referência um índice da bolsa de valores. Esse fundo é gerido por um gestor profissional que compra e vende ações desse índice para obter o melhor resultado possível. A grande vantagem desse produto de investimento é que ele possui taxas de administração mais baixas do que o fundo de investimento tradicional, aumentando, por conseguinte, a rentabilidade. A forma de adquirir cotas de ETF é a mesma adotada para adquirir ações ou cotas de fundo de investimento imobiliário. O único ETF internacional distribuído aqui no Brasil que eu conheço é o IVVB11, gerido pela BlackRock Brasil (ver aqui). Outro produto emitido e distribuído no Brasil é o BDR, que são recibos de depósitos lastreados em ações norte-americanas. Eles se dividem em Patrocinados e Não-Patrocinados. Os Patrocinados são destinados apenas para investidores qualificados, ou seja, são mais restritos. Os Não-Patrocinados são distribuídos ao público em geral, porém são inacessíveis para o investidor de renda média. Existem alguns fundos de BDR Não-Patrocinados distribuídos pelos bancos e corretoras, porém eles exigem uma aplicação mínima e uma taxa de administração mais altas. Prefiro os ETF’s.



  Percebam que o objetivo de diversificação é muito mais acessível para o investidor de renda média do que o objetivo de obter renda passiva. E a diversificação é facilmente obtida investindo em produtos lastreados em ativos internacionais emitidos e distribuídos no nosso país. Mas isso não significa dizer que isso valerá para o investidor de renda média durante toda a sua caminhada, pois muitos fatores podem mudar a estratégia de diversificação adotada inicialmente. Esse investidor pode aumentar drasticamente a sua renda mensal ou receber uma herança muito grande que o permita a investir em outro patamar, acessando o mercado norte-americano de forma mais acessível. Enfim, não existe uma forma ideal para investir no exterior, pois existe uma infinidade de fatores que influenciam a tomada de decisão. Cabe ao investidor ponderar!
 
Abraços,
Seja Independente