Olá pessoal,
Hoje irei escrever novamente uma autocrítica sobre a minha conduta como
investidor, assim como fiz no artigo “Não superestime as suas competências!”,
publicado em maio deste ano. Mas desta vez a autocrítica se relaciona a erros
menos graves. Trata-se da diversificação com a melhor alocação possível de
ativos descorrelacionados. Vou explicar do que se trata essa descorrelação.
Existem dois tipos de risco em qualquer carteira de investimentos: o risco
sistemático e o risco não sistemático ou específico. O primeiro se refere
aquele risco que impacta toda a sua carteira indistintamente, como por exemplo,
uma crise financeira mundial, as eleições de um presidente que não agrada os
mercados, etc. Já o segundo se refere a um risco que impacta especificamente
uma empresa ou um subsetor da economia, como por exemplo, uma empresa envolvida
em caso de corrupção ou a regulação de um subsetor que interfere diretamente em
seus preços praticados no mercado.
No meu caso em particular, o que foi que aconteceu? No início da minha
formação de carteira, procurei dar preferência somente a ações de empresas de
um mesmo subsetor dentro daqueles setores resilientes ou como costumam falar,
“blindados” contra crises econômicas, ou anticíclicos, como são o caso dos
setores financeiro, elétrico, saúde e educação. Para ser mais específico, eu
tinha em minha carteira dois bancos, duas seguradoras, duas geradoras de
energia elétrica, duas administradoras de plano de saúde e duas educacionais. É
como se eu tivesse investindo nas concorrentes do mesmo subsetor para ver no
que dava, sem ter ideia do risco que estava correndo. Uma regulação forte em
qualquer subsetor pode impactar profundamente os fundamentos econômicos das
empresas inseridas nele. Vimos o caso do setor elétrico, quando a ex-presidente
Dilma Roussef interferiu diretamente nos preços das concessionárias de energia
elétrica, apesar de ter sido uma regulação temporária. Também estamos vendo uma
mudança mercadológica no setor bancário, onde os grandes bancos estão sendo
ameaçados pelas corretoras de valores mobiliários, como é o caso da XP
Investimentos, que por sinal já foi adquirida pelo Banco Itaú (sinal de alerta
ligado), como também estão sendo ameaçados pelos bancos digitais, como são os
casos dos bancos Nubank, Inter, Neon, Original, C6 Bank e vários outros que
surgem como batata brotando da terra. Querem ver outro caso? O setor
educacional, que até eclodir a maior crise econômica da história do Brasil,
recebia o incentivo do FIES, programa de financiamento estudantil para
estudantes de baixa renda, impactando positivamente o faturamento das empresas
educacionais. Com o corte do FIES após a crise, essas empresas perderam muito
faturamento e estão tendo que se reinventar para crescer.
Enfim, ainda surgirão muitos exemplos de riscos para os setores da
economia, no Brasil e no exterior, ainda mais nesse início do século 21 onde
mudanças disruptivas surgem diariamente. Daí a importância de se diversificar com
sabedoria, investindo em ativos descorrelacionados. Como eu tinha dito no final
do artigo publicado em maio, esse artigo serve como uma dica valiosa para
aqueles que estão começando a investir. E o mais importante é nunca deixar de
aprender, reconhecer os erros e fazer as devidas correções ao longo do caminho.
Não desanime com os erros, por mais prejuízo que você tenha com eles, porque
são eles que irão catapultar o seu sucesso, se você extrair as devidas lições
decorrentes de cada um deles. A estrada é tortuosa e dolorosa, mas a recompensa
sempre chega para quem acredita!
Abraços,
Seja Independente