segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Por que o dólar está tão alto!?

 



Olá pessoal,

 

  Já pararam para se perguntar por que o dólar está tão alto? Acredito que todo cidadão brasileiro, independente de ser investidor ou não, questiona esse aumento tão grande do câmbio nos últimos anos. Afinal, essa depreciação da nossa moeda em relação ao dólar se reflete em quase todos os bens e serviços que consumimos, desde a farinha de trigo que faz o pão até o preço de um Iphone novo. Vou explicar porque isso está acontecendo.                         

  Estamos assistindo nos últimos 4 anos uma queda brutal na taxa básica de juros, a Taxa Selic, de 14,25% em 08/2016 a 2% no momento atual. Para termos uma ideia do quão baixa está a nossa taxa básica, a inflação oficial (IPCA) acumulada nos últimos 12 meses está em 2,44% (fonte), ou seja, quem tem dinheiro aplicado no Tesouro Selic está tendo uma rentabilidade real negativa. Se levarmos em consideração outros índices de inflação, como o IGP-M, que variou quase 18% nos últimos 12 meses (fonte), a rentabilidade real negativa dispara. Você já deve estar se perguntando: “O que isso tem a ver com a disparada do dólar?”. E eu respondo: tudo!                                                

  Conforme eu tinha falado num artigo publicado recentemente (ver aqui), no início do Plano Real em 1995, o governo optava por debelar a hiperinflação anterior ao Plano com uma política monetária extremamente contracionista, pagando uma Taxa Selic de 53% a.a. e uma rentabilidade real estupenda, incentivando os investidores estrangeiros a aplicarem seus recursos na Selic, o que desencadeou uma enxurrada de dólares no país, valorizando artificialmente o real e controlando assim a hiperinflação dos preços dos bens e serviços. E o que estamos vendo agora? Estamos vendo justamente o contrário, com o Banco Central segurando a taxa básica em 2% a.a. e oferecendo uma rentabilidade real negativa, o que desestimula o investidor estrangeiro a aportar os seus dólares aqui, visto que o Brasil ainda é considerado um país emergente com pouca credibilidade e não oferece nenhum prêmio para compensar esse risco. Para vocês entenderem o porquê do Brasil ainda ser considerado um país de risco para investir, basta consultar o grau de investimento do país e você verá que somos classificados como grau especulativo (Ba2) (fonte). Grau de investimento ou Rating é a avaliação do risco de crédito dada por uma agência de classificação de risco a uma entidade econômica, seja um país ou uma empresa (fonte). Veja a tabela de classificação abaixo.




  Para que o Brasil retome o grau de investimento necessário para transmitir segurança aos investidores internacionais, é preciso eliminar algumas barreiras, como a insegurança jurídica, a falta de infraestrutura, a deficiência da rede pública de ensino e o déficit fiscal crônico. O caminho não é fácil e há muito que fazer para que, em bom português, sejamos considerados um país sério que honra os seus contratos. Caso continuemos sem dar a partida no motor, tudo permanecerá como está, com dólar alto, inflação crônica e uma população eternamente desacreditada em relação ao seu futuro.      

 

Abraços,

Seja Independente                                      


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