Olá
pessoal,
Já pararam para se perguntar por que o dólar
está tão alto? Acredito que todo cidadão brasileiro, independente de ser
investidor ou não, questiona esse aumento tão grande do câmbio nos últimos
anos. Afinal, essa depreciação da nossa moeda em relação ao dólar se reflete em
quase todos os bens e serviços que consumimos, desde a farinha de trigo que faz
o pão até o preço de um Iphone novo. Vou explicar porque isso está acontecendo.
Estamos assistindo nos últimos 4 anos uma
queda brutal na taxa básica de juros, a Taxa Selic, de 14,25% em 08/2016 a 2%
no momento atual. Para termos uma ideia do quão baixa está a nossa taxa básica,
a inflação oficial (IPCA) acumulada nos últimos 12 meses está em 2,44% (fonte), ou seja, quem
tem dinheiro aplicado no Tesouro Selic está tendo uma rentabilidade real
negativa. Se levarmos em consideração outros índices de inflação, como o IGP-M,
que variou quase 18% nos últimos 12 meses (fonte), a
rentabilidade real negativa dispara. Você já deve estar se perguntando: “O que
isso tem a ver com a disparada do dólar?”. E eu respondo: tudo!
Conforme eu tinha falado num artigo publicado
recentemente (ver aqui),
no início do Plano Real em 1995, o governo optava por debelar a hiperinflação
anterior ao Plano com uma política monetária extremamente contracionista,
pagando uma Taxa Selic de 53% a.a. e uma rentabilidade real estupenda,
incentivando os investidores estrangeiros a aplicarem seus recursos na Selic, o
que desencadeou uma enxurrada de dólares no país, valorizando artificialmente o
real e controlando assim a hiperinflação dos preços dos bens e serviços. E o
que estamos vendo agora? Estamos vendo justamente o contrário, com o Banco
Central segurando a taxa básica em 2% a.a. e oferecendo uma rentabilidade real
negativa, o que desestimula o investidor estrangeiro a aportar os seus dólares
aqui, visto que o Brasil ainda é considerado um país emergente com pouca
credibilidade e não oferece nenhum prêmio para compensar esse risco. Para vocês
entenderem o porquê do Brasil ainda ser considerado um país de risco para
investir, basta consultar o grau de investimento do país e você verá que somos
classificados como grau especulativo (Ba2) (fonte).
Grau de investimento ou Rating é a
avaliação do risco de crédito dada por uma agência de classificação de risco a
uma entidade econômica, seja um país ou uma empresa (fonte). Veja a
tabela de classificação abaixo.
Para que o Brasil retome o grau de
investimento necessário para transmitir segurança aos investidores
internacionais, é preciso eliminar algumas barreiras, como a insegurança
jurídica, a falta de infraestrutura, a deficiência da rede pública de ensino e
o déficit fiscal crônico. O caminho não é fácil e há muito que fazer para que,
em bom português, sejamos considerados um país sério que honra os seus
contratos. Caso continuemos sem dar a partida no motor, tudo permanecerá como
está, com dólar alto, inflação crônica e uma população eternamente
desacreditada em relação ao seu futuro.
Abraços,
Seja
Independente
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