Olá
pessoal,
Hoje eu falarei sobre um assunto de extrema
relevância no mundo dos investimentos, a Governança Corporativa. Vou explicar a
importância da Governança nas empresas e, consequentemente, para o mercado de
capitais. Sem ela, as bolsas de valores se tornariam um ambiente hostil aos
investidores individuais, restringindo o acesso às empresas listadas aos
investidores de grande porte.
Mas afinal, o que vem a ser Governança
Corporativa? Governança Corporativa é o conjunto de processos, costumes,
políticas e regulamentos que regulam a maneira como uma empresa será dirigida.
Ela tem como objetivos dar proteção aos investidores, trazer maior
transparência ao mercado, atrair mais investidores e desenvolver o mercado de
capitais. Na Bolsa de Valores de São Paulo [B³], as empresas listadas são
classificadas em 3 níveis de Governança: Nível 1, Nível 2 e Novo Mercado. As
empresas do Novo Mercado, nível mais alto de Governança, devem ter 100% de
ações ordinárias, que são aquelas que dão direito a voto na Assembleia de
Acionistas, e um Tag Along de 100%
para essas ações.
Na prática, a Governança Corporativa visa
eliminar os conflitos de interesses entre os acionistas da companhia e os seus
presidentes, executivos e diretores, enfim, todo o topo da cadeia de comando da
companhia. Enquanto os acionistas desejam o crescimento e a consequente geração
de valor no longo prazo, o alto escalão corporativo deseja uma remuneração
anual cada vez maior, incluindo todos os penduricalhos, como participações nos
lucros, bonificações, benefícios e auxílios com diárias, alimentação,
transporte, etc. Portanto, a Governança Corporativa visa alinhar os objetivos
de todos os stakeholders envolvidos.
Infelizmente, devido ao fato do Brasil ainda
ser um país subdesenvolvido com um “capitalismo de Estado”, onde impera a
cultura do compadrio, ou seja, os acionistas majoritários das companhias
listadas na Bolsa formam alianças com lideranças políticas (existem exceções
obviamente) para obter favores palacianos e, sendo assim, aumentar o poder de
influência da companhia nas regulações do mercado em que ela atua, favorecendo
a criação de monopólios e oligopólios. Nem mesmo empresas de grande porte e
empresas listadas no segmento Novo Mercado estão a salvo de práticas escusas
por parte de seus acionistas fundadores e/ou dirigentes, vide os casos da
Petrobras (petrolão), JBS (Joesley Day) e Qualicorp (José Serra). Além disso,
some-se o fato de que a bolsa brasileira tem um número bastante reduzido de
companhias listadas comparado ao de outras bolsas ao redor do mundo. Isso
favorece uma assimetria de informações muito grande, prejudicando muito o
acionista individual minoritário.
A Governança Corporativa visa justamente
combater as falhas do sistema, ou melhor dizendo, do “Mecanismo” (já assistiram
no Netflix?). É como se fosse uma espécie de selador de vedação para que
eventuais furos no casco não permitam o vazamento da água do oceano para dentro
do navio. Se o selador for mal aplicado, a água do oceano irá vazar para o
interior do navio, fazendo-o naufragar. A mesma coisa acontece numa companhia,
com a diferença de que ao invés dos tripulantes a bordo morrerem afogados, eles
são demitidos, presos, investigados e ficam com a reputação abalada.
Apesar dos casos ocorridos citados
anteriormente, a [B³] tem avançado muito no quesito governança e nós devemos
continuar confiando nas companhias listadas para que assim elas possam expandir
os seus negócios e alavancar o crescimento do Brasil. Não existe no mundo
nenhum país desenvolvido sem uma bolsa de valores pujante. Se você decidiu
investir o seu dinheiro na bolsa, dê um voto de confiança às empresas. O país e
o seu patrimônio agradecem!
Abraços,
Seja Independente
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