sábado, 4 de abril de 2020

Não invista toda a sua reserva na caderneta de poupança!


  Olá pessoal,
                            
  Hoje eu vou falar sobre um produto de investimento muito utilizado por nós brasileiros, principalmente por aqueles que não investem e não possuem uma educação financeira. Trata-se da tão famigerada caderneta de poupança. É surreal a quantidade de dinheiro aplicada na caderneta de poupança no nosso país (veja aqui). Essa é uma prova incontestável da falta de educação financeira do brasileiro. Não deveríamos ter tanto dinheiro aplicado num produto que rende abaixo da inflação. Vou explicar que apesar disso podemos ter dinheiro aplicado nesse produto para a nossa reserva de curtíssimo prazo (15 a 30 dias). 

           
   Em alguns artigos publicados neste blog eu comentei que a caderneta de poupança poderia ser utilizada para a reserva de emergência, mas nunca entrei em maiores detalhes. Pois bem, neste artigo eu irei explicar que a poupança pode ser utilizada para aquela reserva de curtíssimo prazo, podendo variar entre 15 a 30 dias. A grande vantagem da caderneta de poupança é a sua liquidez imediata, podendo ser sacada a qualquer momento. Então ela será muito indicada para aqueles casos que requer urgência como imprevistos com filhos, moradia, veículo, viagens etc. Também será muito indicada para aproveitar aquelas oportunidades de investimento que não podem esperar muito tempo. Mas para aqueles imprevistos que são mais difíceis de acontecer ou para aquelas oportunidades de investimento que são raríssimas, não recomendo investir nela. Há até quem critique o uso desse termo “investir” para quem aplica na caderneta de poupança pelo fato de render abaixo da inflação. Preferem o termo poupar. Mas conforme expliquei neste artigo da semana passada (veja aqui), tecnicamente falando você também investe quando aplica o seu dinheiro em algo que vai te render juros no final do período, por mais que esses juros sejam ínfimos ou insuficientes para compensar a inflação do período. O problema é que a poupança atualmente rende muito pouco, bem abaixo da inflação. Não chega a ser a mesma coisa de deixar o dinheiro parado na conta corrente, é verdade. Mas rende muito pouco e os brasileiros precisam saber disso. A caderneta de poupança foi criada em 1861 pelo Imperador Dom Pedro II e desde então estava rendendo 6% ao ano. Mas em 2012 foi decretado pelo governo que a poupança seria atrelada a taxa Selic da seguinte forma: se a taxa Selic estiver acima de 8,5% ao ano, o rendimento será 0,5% ao mês + TR (taxa referencial); se a taxa Selic estiver igual ou abaixo de 8,5%, o rendimento será 70% da Selic + TR (ver aqui). Com a Selic no patamar atual de 3,75%, a poupança rende 70% dessa taxa, ou seja, 2,62% + TR (que está rendendo 0% atualmente). Para vocês terem uma ideia de quão baixa esta a rentabilidade da poupança, até o FGTS (pasmem) que rende 3% ao ano está rendendo mais do que a poupança (ver aqui).   




  Mas apesar dessa grande desvantagem da poupança, ela ainda pode ser aproveitada. Sugiro ao investidor aplicar 10 a 20% do total de reservas na caderneta de poupança, dependendo de cada caso. Muitos utilizam a conta poupança para aplicar automaticamente os seus rendimentos. É uma boa alternativa. Mas o que exceder deve ser aplicado no título tesouro Selic ou num fundo de renda fixa simples com taxa de administração próxima de 0%. É importante que o investidor diversifique as suas reservas, pois dependendo da situação aquele investimento A ou B pode não ter liquidez suficiente para atender todos os resgates solicitados em um determinado período, como no caso de corridas bancárias. Há quem prefira guardar dinheiro debaixo do colchão ou num cofre em casos de extrema necessidade. Pode até ser uma opção válida, mas o investidor deve analisar alguns fatores antes de tomar uma decisão desse tipo, como o risco de ser roubado e o risco do dinheiro perder valor subitamente. Portanto, cabe ao investidor determinar um valor que seja razoável para guardar em casa arcando com todas as consequências decorrentes dessa decisão.
  Enfim, espero que nessa crise pela qual estejamos passando os meus compatriotas brasileiros tomem consciência da necessidade de investir sabiamente o dinheiro ganho com suor e lágrimas, procurando constituir reservas e estudando alternativas de renda variável. Vamos parar com hábitos corriqueiros como aplicar toda a reserva na poupança, financiar imóveis físicos e gastar grandes somas de dinheiro com joias banhadas a ouro. Esta última pode até ser válida pelo fato do ouro tratar-se de uma reserva de valor, mas deve ser feita com cautela, sem comprometer a renda, a reserva e a carteira. A sociedade brasileira precisará aprender a gerenciar a sua renda e o seu patrimônio após essa crise, cujo período não sabemos quando irá findar.    

Abraços,
Seja Independente


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