Olá pessoal,
Hoje eu vou falar sobre um produto de investimento muito utilizado por
nós brasileiros, principalmente por aqueles que não investem e não possuem uma
educação financeira. Trata-se da tão famigerada caderneta de poupança. É
surreal a quantidade de dinheiro aplicada na caderneta de poupança no nosso
país (veja
aqui). Essa é uma prova incontestável da falta de educação financeira do
brasileiro. Não deveríamos ter tanto dinheiro aplicado num produto que rende
abaixo da inflação. Vou explicar que apesar disso podemos ter dinheiro aplicado
nesse produto para a nossa reserva de curtíssimo prazo (15 a 30 dias).
Em alguns artigos publicados neste blog eu comentei que a caderneta de
poupança poderia ser utilizada para a reserva de emergência, mas nunca entrei
em maiores detalhes. Pois bem, neste artigo eu irei explicar que a poupança
pode ser utilizada para aquela reserva de curtíssimo prazo, podendo variar
entre 15 a 30 dias. A grande vantagem da caderneta de poupança é a sua liquidez imediata,
podendo ser sacada a qualquer momento. Então ela será muito indicada para
aqueles casos que requer urgência como imprevistos com filhos, moradia, veículo,
viagens etc. Também será muito indicada para aproveitar aquelas oportunidades
de investimento que não podem esperar muito tempo. Mas para aqueles imprevistos
que são mais difíceis de acontecer ou para aquelas oportunidades de
investimento que são raríssimas, não recomendo investir nela. Há até quem
critique o uso desse termo “investir” para quem aplica na caderneta de poupança
pelo fato de render abaixo da inflação. Preferem o termo poupar. Mas conforme
expliquei neste artigo da semana passada (veja
aqui), tecnicamente falando você também investe quando aplica o seu dinheiro
em algo que vai te render juros no final do período, por mais que esses juros
sejam ínfimos ou insuficientes para compensar a inflação do período. O problema
é que a poupança atualmente rende muito pouco, bem abaixo da inflação. Não
chega a ser a mesma coisa de deixar o dinheiro parado na conta corrente, é
verdade. Mas rende muito pouco e os brasileiros precisam saber disso. A
caderneta de poupança foi criada em 1861 pelo Imperador Dom Pedro II e desde
então estava rendendo 6% ao ano. Mas em 2012 foi decretado pelo governo que a
poupança seria atrelada a taxa Selic da seguinte forma: se a taxa Selic estiver
acima de 8,5% ao ano, o rendimento será 0,5% ao mês + TR (taxa referencial); se
a taxa Selic estiver igual ou abaixo de 8,5%, o rendimento será 70% da Selic +
TR (ver aqui).
Com a Selic no patamar atual de 3,75%, a poupança rende 70% dessa taxa, ou
seja, 2,62% + TR (que está rendendo 0% atualmente). Para vocês terem uma ideia
de quão baixa esta a rentabilidade da poupança, até o FGTS (pasmem) que rende
3% ao ano está rendendo mais do que a poupança (ver
aqui).
Mas apesar dessa grande desvantagem da poupança, ela ainda pode ser
aproveitada. Sugiro ao investidor aplicar 10 a 20% do total de reservas na
caderneta de poupança, dependendo de cada caso. Muitos utilizam a conta
poupança para aplicar automaticamente os seus rendimentos. É uma boa
alternativa. Mas o que exceder deve ser aplicado no título tesouro Selic ou num
fundo de renda fixa simples com taxa de administração próxima de 0%. É
importante que o investidor diversifique as suas reservas, pois dependendo da
situação aquele investimento A ou B pode não ter liquidez suficiente para
atender todos os resgates solicitados em um determinado período, como no caso
de corridas bancárias. Há quem prefira guardar dinheiro debaixo do colchão ou
num cofre em casos de extrema necessidade. Pode até ser uma opção válida, mas o
investidor deve analisar alguns fatores antes de tomar uma decisão desse tipo,
como o risco de ser roubado e o risco do dinheiro perder valor subitamente. Portanto,
cabe ao investidor determinar um valor que seja razoável para guardar em casa
arcando com todas as consequências decorrentes dessa decisão.
Enfim, espero que nessa crise pela qual estejamos passando os meus
compatriotas brasileiros tomem consciência da necessidade de investir
sabiamente o dinheiro ganho com suor e lágrimas, procurando constituir reservas
e estudando alternativas de renda variável. Vamos parar com hábitos
corriqueiros como aplicar toda a reserva na poupança, financiar imóveis físicos
e gastar grandes somas de dinheiro com joias banhadas a ouro. Esta última pode
até ser válida pelo fato do ouro tratar-se de uma reserva de valor, mas deve
ser feita com cautela, sem comprometer a renda, a reserva e a carteira. A
sociedade brasileira precisará aprender a gerenciar a sua renda e o seu
patrimônio após essa crise, cujo período não sabemos quando irá findar.
Abraços,
Seja Independente
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