sexta-feira, 10 de abril de 2020

Estamos nos encaminhando para uma depressão econômica global?


Olá pessoal,
                            
  Hoje eu vou falar sobre um tema que é recorrente nas mídias especializadas em investimentos já faz algum tempo, até mesmo antes da atual crise. Muitos até consideram a pandemia do covid-19 como a agulha que vai estourar a bolha inflada pelos principais bancos centrais ao redor do mundo, causando a maior depressão econômica mundial dos últimos 70 anos como muitos afirmam. Alguns até afirmam que essa depressão seria pior do que a grande depressão da década de 30 causada pela quebra da bolsa de valores de Nova York em 1929. E isso seria muito ruim no longo prazo para os investimentos em renda variável. Mas não há motivo para tanto desespero. Vou explicar melhor.  
  Desde a crise do subprime em 2008 nos EUA, os bancos centrais vêm cortando juros para expandir a base monetária em nível planetário, contribuindo para o aumento substancial das dívidas de todo o sistema financeiro mundial, incluindo os próprios bancos centrais, bancos, empresas e famílias, num processo conhecido como QE (Quantitative Easing) (ver aqui). Isso já vinha sendo discutido por muitos economistas bem antes da eclosão dessa pandemia e muitos deles criticaram essa política monetária agressiva adotada pelos países afirmando que os bancos centrais estão sem munição e assim podemos estar perto do “pico do capitalismo” como também afirmaram que esse ano de 2020 será um ponto de inflexão (ver aqui). Diante desse cenário estarrecedor muitos podem estar se perguntando agora: será que não é mais prudente resgatar integralmente todo o dinheiro investido no mercado financeiro, sacar uma boa parte em dinheiro vivo e comprar ouro físico para guardar tudo no cofre, e aguardar essa crise passar? A história fala por si só. Nos últimos 100 anos o mundo passou por diversas crises econômicas, causadas pelos mais diversos motivos, como surtos epidêmicos (gripe espanhola), guerras mundiais, guerras regionais, moratórias de países emergentes, embargos econômicos e choques inflacionários (ver aqui). E mesmo assim o mundo não acabou e as pessoas continuaram trabalhando, investindo e prosperando. Muitos investidores de sucesso, como Warren Buffett, passaram por várias dessas crises e não quebraram, pelo contrário, enriqueceram como nunca. No Brasil, o maior investidor pessoa física da bolsa de valores, Luiz Barsi, começou a investir na década de 70 e passou por diversas crises nacionais, como a hiperinflação das décadas de 80 e 90, impeachment de dois presidentes e dezenas de crises institucionais (veja essa entrevista dele aqui).
  Mas não estou sugerindo e nem aconselho que os investidores invistam da mesma forma que Luiz Barsi e Warren Buffett investem. Esses investidores começaram cedo, estudaram o mercado acionário e contaram com grandes reservas. Nem todo investidor tem o perfil necessário para alcançar resultados semelhantes no longo prazo. Eu sugiro que o investidor diversifique os seus investimentos com sabedoria, inclusive geograficamente. Em épocas de depressão econômica os países emergentes, como o Brasil, são os que mais sofrem, por terem uma economia mais frágil. Portanto, sugiro investir em ativos internacionais, seja através de ativos negociados localmente ou diretamente no exterior (EUA), conforme expliquei neste artigo (ver aqui). Vejo muitos digital influencers hoje em dia postando gráficos como esse abaixo incentivando investidores a continuarem investindo em ações nacionais para o longo prazo. Não critico esse movimento por parte deles. Eles apenas se esquecem de informar que rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura (quem nunca viu essa recomendação em lâminas de fundos de investimento?), mesmo com o desempenho do índice Bovespa estando dolarizado no gráfico, pois o nosso país está perdendo o bônus demográfico paulatinamente e a nossa produtividade é muito baixa, haja vista o subdesenvolvimento da nossa indústria e a péssima educação oferecida aos nossos jovens. O crescimento médio do PIB brasileiro nos últimos 40 anos foi de parcos 2,5% contando com o bônus demográfico. E sem esse bônus, quanto irá crescer? Sem crescimento econômico as empresas listadas na bolsa terão mais dificuldade para crescer, diminuindo rentabilidade e distribuição de rendimentos. Não estou dizendo que não devemos ser otimistas em relação ao nosso país. Não é isso. Eu apenas estou dizendo que o nosso futuro ainda é muito incerto, sem perspectivas de melhora. Mas pode mudar para melhor, com certeza. Depende somente de nós.


  Talvez o leitor esteja se perguntando onde estou querendo chegar. Estou querendo chegar ao seguinte ponto: no mundo dos investimentos, a única certeza que o investidor tem é a incerteza em relação ao futuro da economia mundial e da economia local. Mas ao diversificar geograficamente, os riscos no mercado acionário diminuem sem necessariamente diminuir a rentabilidade. Muitos investidores optam por investir apenas localmente por considerarem ter uma estratégia melhor. Sem problema. Não existe uma receita padronizada. Essa falta de proteção pode ser compensada por uma alocação em renda fixa maior, por exemplo. Mas para quem já tem um patrimônio relevante o hedge cambial é uma ideia a ser considerada.

Abraços,
Seja Independente


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