terça-feira, 21 de abril de 2020

Algumas falácias...


Olá pessoal,                                                                                                                                                                   
                            
  Hoje eu vou falar sobre algumas falácias que ouço e vejo sendo propagadas por muitas pessoas nos veículos de comunicação. Essas falácias são sintomas de uma sociedade sem educação financeira que ao longo de décadas vem sendo manipulada por governos populistas através de retóricas cheias de demagogia, ideologias obsoletas e interesses escusos por trás delas. Não me refiro única e exclusivamente ao Brasil, mas também a muitos outros países, inclusive desenvolvidos (alta renda per capita).  
  A primeira falácia é a de que dinheiro pode ser criado do nada, que dinheiro “nasce em árvore”. Muitas pessoas, nesse momento, advogam a favor da impressão de dinheiro pelos bancos centrais para fazer política anticíclica. O dinheiro, que é uma convenção social criada pelo homem para facilitar o comércio, deve ser criado pelo homem através da produção de um bem ou serviço, e não de forma artificial pelo governo. O dinheiro, portanto, é uma mercadoria como qualquer outra que sofre os efeitos da oferta e da demanda. Se o governo cria dinheiro do nada em larga escala, ele aumenta desproporcionalmente a sua oferta na economia (expande a sua base monetária), pois ao colocar mais dinheiro nas mãos das pessoas, ele aumenta a demanda por bens e serviços, mas sem um aumento respectivo da oferta deles. Sendo assim, a inflação aumenta mais rapidamente, fazendo com que o dinheiro (moeda) perca mais valor rapidamente, aumentando a necessidade de “despejar” mais dinheiro da economia, virando assim uma bola de neve que irá desencadear o que conhecemos como hiperinflação. Nós, brasileiros, sabemos do que se trata essa anomalia, pois sentimos isso na pele nas décadas de 80 e 90. O nosso país vizinho, Venezuela, já está há um bom tempo nesse processo hiperinflacionário. Para se ter uma ideia, para comprar uma xícara de café em 2018 eram necessários 2 milhões de bolívares (fonte). É necessário que as pessoas entendam de uma vez por todas que não existe o dinheiro dos impostos, mas sim o dinheiro produzido pela sociedade através da produção de bens e serviços.                  
  A segunda falácia é a de que para resolver o problema da educação basta investir recursos públicos de forma massiva na rede pública de ensino. Se isso fosse verdade o Brasil já estaria no topo do ranking de países com a melhor qualidade de ensino. Mas na verdade amargamos as últimas posições. O que é necessário, de fato, para alçar o ensino público brasileiro ao topo do ranking é investir os recursos públicos com eficiência, implementando um plano nacional de meritocracia para os professores inclusive com a fixação de um piso salarial atrativo para a categoria, focando os recursos nos ensinos básico, fundamental e técnico, e reestruturando o ensino superior priorizando cursos que agreguem mais valor para a sociedade. Sem contar a necessidade de se eliminar a doutrinação político-partidária dentro das escolas. Recomendo a todos assistirem no youtube a trilogia Pátria Educadora do canal Brasil Paralelo.    
  A terceira falácia é a de que os bancos são os principais culpados pela crise econômica brasileira que já dura quase uma década. Não estou aqui defendendo banqueiro até porque eles também têm uma parcela de culpa explorando a ignorância financeira dos brasileiros. Mas o fato é que há várias décadas os governos e os banqueiros vêm mantendo uma espécie de conluio para explorar as massas no nosso país. Não adianta culpar apenas os banqueiros se os governantes são perdulários, gastando bem mais do que arrecadam, pedindo socorro aos bancos, seja através de empréstimos diretos, seja através de fundos de investimento (onde os bancos ganham com taxas de administração abusivas). A tão criticada concentração bancária (os cinco bancões) que existe no nosso país foi sendo arquitetada e construída ao longo das décadas em frente aos nossos olhos contando com a conivência dos políticos. Sem contar que o governo tem a sua participação nessa concentração bancária e consequente exploração das massas através de dois bancos estatais. Ou seja, o governo arrecada os impostos pagos pelos contribuintes para investir em bancos que por sua vez retiram mais recursos dos contribuintes. Ganha nas duas pontas. Retira de um bolso e retira mais um pouco do outro bolso do já esfolado contribuinte. É surreal, triste e deplorável.
  A quarta e última falácia é a de que apenas os ricos têm condições de investir e que os pobres não têm condições porque ganham muito pouco e não sobram recursos para investir. Mentira! Os mais pobres têm condições sim de investir, bastando ter disciplina para poupar e investir assim que recebe o salário. Obviamente que esse público deverá priorizar a reserva de emergência até ter recursos suficientes para investir em renda variável, pois quanto menos recursos são poupados e investidos, maiores deverão ser a segurança e a liquidez nos investimentos. Os pobres não investem no Brasil por falta de educação financeira e não por falta de recurso, pois desde cedo as pessoas de baixa renda são incentivadas pelos bancos e pelo governo a contrair empréstimos (o conluio citado acima) impedindo-as de poupar e investir para alçar a um patamar financeiro mais elevado. Acredito que talvez essa seja a falácia mais propagada pela elite político-econômica brasileira justamente por beneficiá-los de uma forma mais fácil por não haver no nosso país uma classe dominante que tenha um pensamento contrário.
  Enfim, poderia passar o resto do mês escrevendo sobre mais falácias (sem exagero) pelo fato de haver muita distorção dos fatos por parte das elites dominantes, contando com a ajuda, obviamente, de uma imprensa doutrinada e comprada. Mas essas falácias descritas por mim aqui neste artigo são as mais latentes e perniciosas que eu vejo e que impedem o crescimento econômico do nosso país.

Abraços,
Seja Independente

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