Olá pessoal,
Hoje eu vou abordar um assunto muito importante para os investidores,
que é o investimento em ativos no exterior. Como alguns já devem saber, existem
duas formas de se investir em ativos internacionais. A primeira é investindo diretamente
aportando em uma corretora local através de remessa de dólares. A outra é
investindo em produtos lastreados em ativos internacionais emitidos no Brasil,
como fundos de investimento em ativos internacionais, ETF (Exchange Traded
Fund) e BDR (Brazilian Depositary Receipt). Vou explicar no artigo no que
implica investir em cada modalidade e qual deles atende melhor o objetivo
específico de cada investidor.
Primeiramente, vamos falar sobre o investimento direto através de
remessa de dólares. Nesse caso, o investidor necessita previamente abrir uma
conta em uma corretora de valores no exterior, como por exemplo, a corretora
Avenue Securities, que tem sido bastante requisitada pelos brasileiros nos
últimos anos (veja
matéria). Após abrir a conta, o investidor necessita remeter os dólares
para os EUA através de uma instituição financeira que vai cobrar uma taxa para
tal serviço. Desde 2016 existe uma plataforma digital em parceria com o Banco
Máxima que faz essa remessa de uma forma muito mais acessível, chamada Remessa
Online (ver matéria).
Ela tem sido muito requisitada desde então, assim como a Avenue Securities.
Sendo assim, o investidor não residente nos EUA passa a ter acesso ao maior
mercado de valores mobiliários do mundo, com toda a sua gama gigantesca de
ativos. Mas vale uma ressalva aqui. O investidor de longo prazo que tem o
objetivo de obter renda passiva dos seus investimentos capaz de garantir uma
independência financeira a ele, dificilmente vai conseguir isso num tempo
razoavelmente esperado pela maioria dos investidores (15 a 20 anos), a não ser
que esse investidor tenha uma grande capacidade de aportar somas de recursos
relevantes na corretora norte-americana, o que não é o caso da maioria dos
investidores brasileiros de renda média. Essa dificuldade de obter uma renda
passiva em dólares somada a uma renda passiva em reais, capaz de garantir uma
tranquilidade financeira, se deve ao fato dos ativos norte-americanos serem bem
menos acessíveis aos brasileiros, começando pela disparidade do câmbio, ou
seja, o investidor nacional precisa de um valor hoje QUATRO vezes maior para
investir em um ativo internacional de uma forma “equitativa”, sem contar as
taxas de remessa. Outro detalhe relevante é que, não apenas hoje, mas historicamente,
os ativos norte-americanos são bem mais valorizados do que os ativos
brasileiros, ou seja, eles são mais “salgados”, e isso se deve a uma série de
fatores, dentre eles, a estabilidade político-econômica dos EUA, diferente do
nosso país, que sempre foi instável.
Mas isso significa dizer que não devemos investir no exterior? De forma
nenhuma, muito pelo contrário. E é aí que entra a outra modalidade que é
investir em produtos lastreados em ativos internacionais emitidos e
distribuídos pelas instituições financeiras nacionais (bancos e corretoras). Em
minha opinião, a melhor alternativa e é a que eu utilizo hoje para mim, é o
ETF, que nada mais é do que um fundo de ações tendo como referência um índice
da bolsa de valores. Esse fundo é gerido por um gestor profissional que compra
e vende ações desse índice para obter o melhor resultado possível. A grande
vantagem desse produto de investimento é que ele possui taxas de administração
mais baixas do que o fundo de investimento tradicional, aumentando, por
conseguinte, a rentabilidade. A forma de adquirir cotas de ETF é a mesma
adotada para adquirir ações ou cotas de fundo de investimento imobiliário. O
único ETF internacional distribuído aqui no Brasil que eu conheço é o IVVB11,
gerido pela BlackRock Brasil (ver
aqui). Outro produto emitido e distribuído no Brasil é o BDR, que são
recibos de depósitos lastreados em ações norte-americanas. Eles se dividem em
Patrocinados e Não-Patrocinados. Os Patrocinados são destinados apenas para
investidores qualificados, ou seja, são mais restritos. Os Não-Patrocinados são
distribuídos ao público em geral, porém são inacessíveis para o investidor de
renda média. Existem alguns fundos de BDR Não-Patrocinados distribuídos pelos
bancos e corretoras, porém eles exigem uma aplicação mínima e uma taxa de
administração mais altas. Prefiro os ETF’s.
Percebam que o objetivo de diversificação é muito mais acessível para o
investidor de renda média do que o objetivo de obter renda passiva. E a
diversificação é facilmente obtida investindo em produtos lastreados em ativos
internacionais emitidos e distribuídos no nosso país. Mas isso não significa dizer
que isso valerá para o investidor de renda média durante toda a sua caminhada,
pois muitos fatores podem mudar a estratégia de diversificação adotada inicialmente.
Esse investidor pode aumentar drasticamente a sua renda mensal ou receber uma
herança muito grande que o permita a investir em outro patamar, acessando o
mercado norte-americano de forma mais acessível. Enfim, não existe uma forma
ideal para investir no exterior, pois existe uma infinidade de fatores que influenciam
a tomada de decisão. Cabe ao investidor ponderar!
Abraços,
Seja Independente
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