domingo, 27 de setembro de 2020

+ Rentabilidade, + Risco

 


Olá pessoal,

 

  Hoje falarei sobre uma regra que não se aplica apenas ao mundo dos investimentos, mas também ao mundo dos negócios de um modo geral. Mas muitas pessoas ainda não conseguem notar a importância dela na prática. Quanto mais um investimento ou um negócio, “no papel”, é rentável, mais risco estará embutido em seu bojo. Na prática as circunstâncias sempre interferem nos resultados projetados na concepção do negócio.                      

  Eu noto mais essa indiferença em relação ao risco no mundo dos negócios do que no mundo dos investimentos. E acredito que isso acontece devido à falta de educação financeira de muitos empreendedores brasileiros. Muitos empreendedores, até mesmo os mais experientes, se baseiam única e exclusivamente em suas experiências passadas e nas experiências positivas de empreendedores bem-sucedidos, achando que eles também terão os mesmos resultados, bastando para isso muito trabalho e muita obstinação. Mas eles se esquecem sempre de pesquisar sobre os empreendedores que falharam e “não ficaram vivos para a contar história”, e podem acreditar, esse cemitério é muito maior do que o grupo de sobreviventes que alcançaram o sucesso. É o que chamamos no mundo dos investimentos de heurística de confirmação, que é a tendência de se lembrar, interpretar ou pesquisar por informações de maneira a confirmar crenças iniciais. As pessoas demonstram essa tendência ou viés quando reúnem ou se lembram de informações de forma seletiva, ou quando as interpretam de forma tendenciosa (fonte).                                           

  É por causa desse tipo de comportamento humano que muitos empreendedores continuam persistindo no erro até irem à falência. Eles pensam da seguinte forma: “se fulano da empresa x e sicrano da empresa y conseguiram, por que eu não posso conseguir?”. Mas se esquecem de que cada indivíduo tem um certo nível de competência, tem experiências passadas naquela determinada área e as vezes tem uma combinação de fatores externos a favor e que não necessariamente o mesmo resultado será alcançado por ele. Também se esquecem de que no caso particular do empreendedor brasileiro, todo cuidado deve ser redobrado, haja vista a insegurança jurídica latente que existe em nosso país.  

  É como diz aquele velho mantra: “riscos não devem ser evitados, mas sim administrados”. Todas as variáveis internas e externas devem ser levadas em consideração na concepção de uma estratégia de investimentos ou de negócios. Se por experiência própria um empreendedor verifica que aquele determinado modelo de negócio é por demais arriscado, ele deve substituir esse modelo por outro que seja menos arriscado. Isso se chama gerenciamento de risco. Outra medida cautelar que o empreendedor deve adotar, que inclusive já falei em outros artigos aqui do blog (ver aqui) e (ver aqui), é a de não reinvestir 100% dos lucros na empresa, mas reservar uma parte para reservas de emergências, tanto na pessoa física como na pessoa jurídica, e para a montagem de uma pequena carteira previdenciária.   

  Para entender um pouco mais sobre a heurística ou viés de confirmação e outros vieses cognitivos que acometem a espécie humana, recomendo a leitura do livro Rápido e Devagar, do autor Daniel Kahneman, ganhador do prêmio Nobel de Economia. Inclusive já falei sobre esse livro em outro artigo do blog (ver aqui). Boa leitura!      


Abraços,

Seja Independente


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