Olá pessoal,
Hoje eu vou falar sobre as dificuldades que o empreendedor brasileiro
enfrenta. Um dos primeiros artigos publicados aqui no blog tratou esse assunto de
forma bem resumida, com o título “Empresário x Investidor” (veja
aqui). Mas desta vez eu vou entrar em maiores detalhes esmiuçando como é a
vida do empreendedor brasileiro de fato.
Existem muitas dificuldades para o empreendedor brasileiro, mas existem
aquelas que pesam mais nas costas do empreendedor. Portanto, vou me ater
somente a elas para que o artigo não fique extenso e enfadonho para o leitor. Em
minha opinião a carga tributária e os desdobramentos para a apuração e
recolhimento dos tributos é a dificuldade mais impactante e comum entre o
empresariado brasileiro. Como muitos devem saber, a maioria esmagadora desse
empresariado é composta por microempresas e empresas de pequeno porte (veja
aqui). Sendo assim, esse empresariado ou é tributado pelo Simples Nacional
ou pelo Lucro Presumido, o que significa dizer que a tributação do lucro dessas
empresas ocorre no momento do faturamento (na emissão da nota fiscal), ou seja,
independente da empresa ter lucro ou prejuízo, o governo recebe a sua participação
no negócio antecipadamente, se tornando um sócio desleal, sem correr riscos.
Mesmo que o leitor se valha do argumento de que a empresa embute previamente os
tributos nos custos dos produtos e serviços vendidos repassando para o
consumidor final, sabemos que sempre existirá o risco de arcar prejuízo ao
final do ano. Sem contar o fato de que os tributos recolhidos pelo governo não
retornam para a sociedade de forma satisfatória, obrigando esse empresário a
pagar por educação, saúde e segurança. Mas a dificuldade não para por aqui.
Além disso, a complexidade para apuração e recolhimento dos tributos é tamanha
que os empresários gastam uma quantidade absurda de tempo e dinheiro para tal (veja
aqui), aumentando os custos com honorários contábeis e advocatícios. E se
não bastasse esse manicômio tributário, o “sistema” ainda esfola o empresário
com tarifas burocráticas como licenças, alvarás, emolumentos cartoriais, taxas de
juntas comerciais, taxas de conselhos de classe, etc. Percebam o desafio que é
para o empresário brasileiro vender produtos e serviços de boa qualidade para
os consumidores finais a um preço justo repassando todos esses custos.
Outra grande dificuldade para o empresário brasileiro é a mão-de-obra (veja
aqui). Não vou aqui me ater à questão da qualificação, mas sim à questão
dos custos para se manter um empregado com carteira assinada. Além dos encargos
com descanso semanal remunerado, adicional de hora extra e hora noturna (quando
houver), adicional de periculosidade e insalubridade (quando houver), 13°
salário, férias remuneradas e FGTS, o empresário deve contribuir para o sistema
S com base no salário total de cada funcionário a uma alíquota de 20%. Também deve
arcar com os custos de auxílio-transporte, auxílio-alimentação, exames médicos,
indenização de aviso prévio, atestados médicos de até 15 dias, treinamento de segurança
do trabalho, elaboração de programas para prevenção de acidentes de trabalho e
doenças ocupacionais, etc. Sem contar ainda com as declarações obrigatórias
exigidas pelos entes governamentais, como, GFIP, DIRF, CAGED, etc. Para as
microempresas e empresas de pequeno porte é inviável repassar todos esses
encargos sociais e trabalhistas para os consumidores finais, restando poucas
opções ao empresário para solucionar esse problema: ou diminui a margem de
lucro ou diminui a contratação de mão-de-obra.
Assim
como eu frisei no artigo “Empresário x Investidor”, irei frisar mais uma vez
neste artigo: não sou o dono da verdade e não pretendo aqui persuadir o leitor
que é empresário a deixar de reinvestir os lucros. Quem tem perfil empreendedor,
sabendo gerenciar capital financeiro e, principalmente, humano, deve continuar
reinvestindo na sua empresa. Mas não 100% dos lucros. Como diz aquele velho
ditado, “não coloque todos os ovos na mesma cesta”. Pois nunca saberemos como
será o dia de amanhã!
Abraços,
Seja Independente
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