quinta-feira, 25 de junho de 2020

A propaganda do Itaú Personnalité!


Olá pessoal,

  Acredito que muitos de vocês já devem ter visto a propaganda do Itaú Personnalité ou pelo menos a repercussão dela nas mídias sociais (ver o vídeo aqui). O CEO fundador da Corretora XP, Guilherme Benchimol, se manifestou abertamente a respeito do vídeo em suas redes sociais (ver aqui) e (ver aqui), defendendo os assessores de investimentos. Muitos estão opinando que é apenas uma jogada de marketing de ambas, já que o Itaú tem 49% de participação no capital social da XP. Seria uma espécie de “teatro das tesouras” estilo PT x PSDB (risos). Mas não pretendo focar nisso, mas sim num fenômeno que vem ocorrendo no nosso país nos últimos anos. Vou explicar do que se trata.
  Quem tem um pouco mais de idade sabe que no nosso país a taxa de juros básica (Selic) sempre foi historicamente alta, com juros reais atrativos. Após o início do Plano Real em 1995 ela estava na casa dos 53%, chegando a 58% no ano seguinte. Na primeira década do novo milênio a taxa Selic média foi de 15,56%. Isso significa dizer que durante esse período o poupador médio brasileiro aplicava na caderneta de poupança ou no CDB do “bancão” onde ele tinha conta e conseguia obter uma rentabilidade real (descontada a inflação) próxima de 14% ao ano ou 1,10% ao mês, sem fazer nenhum esforço. Repito, rentabilidade REAL, descontada a inflação, num investimento com risco praticamente nulo. Com isso, todo mundo saía ganhando: o gerente conseguia bater as suas metas mensais de recursos captados para o “bancão” e os aplicadores de renda fixa ganhavam os seus juros elevados sem fazer esforço. E por que isso acontecia? Isso acontecia porque o governo optava por debelar a hiperinflação anterior ao Plano Real que corroía o poder de compra do brasileiro com uma política monetária extremamente contracionista, ao invés de debelar também com uma política fiscal responsável. Com a taxa de juros na lua, os estrangeiros procuravam aportar dólares no Brasil para aproveitar essa “Disneylândia dos juros altos”. Com a entrada de mais dólares no país, mais o real se valorizava frente ao dólar (artificialmente, diga-se de passagem), controlando assim a hiperinflação dos preços dos bens e serviços.           
  Diante desse cenário, e como o sistema bancário nesse período era extremamente concentrado em poucos “bancões”, não houve preocupação por parte dos brasileiros em educar-se financeiramente e investir de forma mais arriscada, já que os juros altos estavam garantidos pelo “bancão”, sem necessidade de correr riscos. Sendo assim, o cartel de bancos começou a explorar a falta de educação financeira dos brasileiros e lucrar em cima disso, empurrando péssimos produtos bancários, como títulos de capitalização, consórcios (isso nem é investimento!), fundos de investimentos de renda fixa e previdências privadas com taxas de administração exorbitantes, etc. Sem contar as taxas de juros cobradas no cheque especial, cartão de crédito e empréstimos. De fato, nunca houve uma preocupação com o cliente por parte dos “bancões”, mas sim com o atingimento de metas impostas “goela abaixo” aos seus gerentes de contas.
  Porém, para a nossa sorte, está havendo uma redução da taxa Selic de forma gradativa nos últimos 3 anos. Hoje a Selic está em 2,25%, com uma rentabilidade real negativa. Isso força o aplicador da caderneta de poupança e de outros produtos bancários de péssima qualidade a saírem da zona de conforto para buscar uma rentabilidade maior, seja por conta própria através de conhecimento adquirido, seja delegando os seus investimentos a um profissional da área. E é aí que entra a figura do agente autônomo de investimento (comumente chamado de assessor de investimentos), defendido pelo fundador da XP, Guilherme Benchimol. Esse profissional é um “gerente” que trabalha em um escritório vinculado a uma corretora de valores. Mas diferente do gerente tradicional do banco que se preocupa apenas com o cumprimento de metas, mesmo que para isso tenha que empurrar “tranqueira” para o cliente, o assessor de investimentos disponibiliza ao seu cliente um atendimento personalizado, dedicando uma atenção full time a ele. O assessor, primeiramente, procura identificar qual é o perfil do seu cliente e com isso busca formatar uma carteira de investimentos de acordo com esse perfil. Além disso, as corretoras não ofertam para os seus clientes produtos de péssima qualidade, pois o foco está na satisfação do cliente. Esse tipo de profissional não recebe um salário fixo. Ele recebe comissionamentos de acordo com o volume de recursos captados da sua carteira de clientes para a corretora. O assessor, antes de mais nada, é um empreendedor que arrisca o seu próprio dinheiro para prestar um serviço de assessoria aos clientes. Percebem a diferença?     
  Não pretendo aqui neste artigo desmerecer os gerentes de bancos ou qualquer outro tipo de profissional do mercado financeiro que tenha se sentido ofendido. Quem sou eu para julgar alguém, ainda mais sabendo que cada um precisa sustentar a sua família e proporcionar um futuro mais digno para os seus filhos? Eu apenas pretendo mostrar aqui que está havendo uma mudança cultural na prestação de serviços de assessoria financeira no nosso país, com foco em primeiro lugar no cliente. E isso é muito importante para a população brasileira. Portanto, alegrai-vos!


Abraços,
Seja Independente

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