sábado, 2 de maio de 2020

Loteria


Olá pessoal,                                                                                                                                                                   
                            
  Hoje eu vou desmistificar outro mito que ainda prevalece no nosso país em relação à aposentadoria e investimentos, que é o de que a loteria é uma boa alternativa para se tornar rico. É verdade que algumas pessoas têm muita sorte e conseguem ganhar uma fortuna e acredito que quase todas as pessoas nesse mundo já ouviram falar na história de pessoas que ganharam na loteria e perderam tudo em poucos anos gastando até o último centavo com excentricidades como se não houvesse amanhã. Esse tipo de comportamento é um sinal nítido e transparente de falta de educação financeira. 
  A probabilidade de um apostador ganhar numa loteria como a mega-sena, por exemplo, é de 1 em 50.063.860 (veja a fórmula abaixo), que corresponde a 0,000002% de chance de ganhar.

C60,6 = 60!/[6!(60-6)!] = 50.063.860

  É preciso ter uma sorte gigantesca para ganhar com essa chance. O problema é que no Brasil muitas pessoas encaram as apostas como um investimento, quando na verdade deveriam ser encaradas como um passatempo, similar aos jogos de bingo. Muitos apostam todo mês religiosamente. Cada bilhete custa um valor simbólico de no máximo 10 reais. Mas muitos apostadores compram vários bilhetes na ganância de um dia tornarem-se multimilionários, sem saberem que é muito mais factível tornarem-se milionários em algumas décadas investindo o valor despendido todo santo mês com esses bilhetes em uma carteira de investimentos devidamente balanceada e selecionada.



  Vamos fazer um exercício prático com um exemplo hipotético de um ambulante que vende milho cozido na praça da cidade chamado João (chamado pelos clientes de Seu João) que tem 50 anos de idade, mas aparenta ter 70 anos, pois começou a trabalhar muito cedo na roça com os pais, teve uma vida sofrida de muito trabalho pesado debaixo de sol e mesmo com a idade que tem já tem inúmeros problemas de saúde, e ainda sustenta três filhos adolescentes que o ajudam no negócio. Vamos supor que a renda média de Seu João ao longo dos últimos 20 anos tenha sido por volta de R$2.000,00 e ele tenha apostado na loteria durante todo esse tempo cerca de 20 reais por mês, o que corresponde a 1% da renda média mensal dele durante o período. E vamos supor que ele nunca tenha ganhado na loteria. Fazendo as contas de 20 anos x 12 meses, dá 240 meses que por sua vez multiplicado por 20 reais, dá um total de R$4.800,00 pagos à Caixa Econômica Federal, que é o único banco brasileiro que tem autorização para administrar a loteria federal. Já se o Seu João aplicasse esses 20 reais todo mês ao longo desses 20 anos em um fundo de investimento do banco onde ele tem conta que rendesse em média 0,5% ao mês, ele teria ao final do período R$9.240,82, ou seja, quase o dobro do valor total que ele pagou pelos bilhetes nas lotéricas, onde essas por sua vez repassaram à instituição financeira que administra a loteria federal, dissemina a ignorância financeira e suga o dinheiro suado do pobre coitado brasileiro.   

O milho é uma importante fonte de renda para muitos brasileiros
 
  Esse exemplo acima que eu dei é quase uma anedota popular para descrever o que realmente acontece com as pessoas mais humildes que se viciam em apostas na loteria em diversas cidades brasileiras. Vício esse que é mais um fruto maligno gerado pela falta de educação financeira da nossa população, que é amplificada pela falta de educação formal mesmo, pois sabemos que uma parte da população brasileira é semianalfabeta, ou seja, frequentou a escola, mas tirou o diploma de “letrado” sem saber interpretar um texto ou saber as quatro operações básicas. 
 Minha intenção ao desmistificar esse mito não é desprezar os apostadores contumazes da loteria, fazendo-os se sentirem tolos. Mas sim alerta-los de que existem outras opções para se tornarem ricos (no caso brasileiro seria melhor dizer independente financeiramente) e uma delas é a soma de trabalho bem remunerado – independente de ser empregado, autônomo ou empresário – e bons investimentos ao longo de algumas décadas. O problema, meu caro leitor, é que pouquíssimas pessoas no mundo aceitam alcançar a riqueza (independência financeira) após várias décadas, de forma lenta. Elas preferem alcançar a riqueza instantaneamente, do dia para a noite, mesmo que no final de suas vidas olhem para trás e percebam que as “apostas” não os tenham levado a lugar nenhum.   

Abraços,
Seja Independente

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