Olá pessoal,
Hoje irei escrever sobre um assunto de suma importância para os
investidores e de certa forma envolve esse meu processo de amadurecimento como
investidor. Esse amadurecimento vem apenas com o tempo, após muita análise dos
aspectos macroeconômicos a nível nacional e internacional, leituras diárias,
conversas em grupos de investidores que estão no mesmo processo e outros meios
que nos ajudam a melhorar a cada dia.
E então, que tipo de investidor você é? Eu poderia escrever aqui sobre
várias ideias, conceitos e estratégias para responder essa pergunta. Mas eu
correria o risco de ser prolixo e deixar o artigo muito extenso e cansativo, e
sem transmitir a mensagem final de forma clara e sucinta. Portanto, eu decidi
escrever tomando como ponto central um trecho do livro O Investidor Inteligente,
e que inclusive eu citei anteriormente num artigo sobre esse mesmo livro
intitulado de “Livro O Investidor Inteligente, do autor Benjamin Graham”, em 16
de setembro de 2018 (confiram lá). O trecho diz o seguinte: a política de
investimento depende em primeiro lugar de escolher o papel defensivo (passivo)
ou o empreendedor (ativo). O ativo deve ter um conhecimento suficiente para
justificar encarar suas operações de investimento como equivalentes a um
negócio empresarial. Não há espaço nessa filosofia para um meio-termo ou uma
série de gradações entre o status passivo e ativo. Conforme eu falei nesse
artigo anterior, eu considero esse trecho o mais intrigante do livro, pois o
autor coloca “o leitor contra a parede” e o aconselha a tomar uma posição no
tocante à sua política de investimentos. Hoje eu concluo que a minha posição é
ter um papel defensivo (passivo), e eu vou explicar o motivo. Quem está lendo o
artigo e discorda do motivo que irei expor aqui, peço por gentileza que comente
no espaço reservado para comentários logo abaixo do artigo, pois isso contribui
muito para o enriquecimento do conteúdo abordado e de certa forma irá ajudar no
processo de amadurecimento de outros investidores que visitam esse blog.
No meu entendimento, o investidor empreendedor (ativo) é aquele que já
tem vários anos de estudo, na teoria e na prática, várias certificações do
mercado financeiro, como CNPI, CPA, CFA, CFP, e o mais importante, já se
machucaram muito colocando o conhecimento em prática, tendo prejuízos após
análises equivocadas de valores mobiliários, e não apenas com o dinheiro dele,
mas com o dinheiro de milhares de outras pessoas, ou seja, é um profissional
acostumado a investir até bilhões de reais em diversos investimentos
arriscados. É o tipo do investidor que sabe tudo sobre Economia, Contabilidade
e Mercado Financeiro. Ele tem uma ideia clara para onde vai a taxa de juros e o
dólar, sabe analisar ao nível mais analítico possível todas as demonstrações
financeiras, inclusive enxergar problemas encontrados nas entrelinhas das notas
explicativas e relatórios de auditoria que podem gerar problemas futuros para
os acionistas minoritários, sabe analisar a governança corporativa ao conhecer
a estrutura societária (quem são os sócios controladores), os membros do
conselho de administração, os membros da diretoria e as políticas de governança
implementadas pela empresa, como o compliance,
por exemplo. Então, meus caros colegas, não é para qualquer um. Isso demanda
muito tempo e dedicação. Para quem está começando agora e já tem uma carreira
profissional em outra área que não a dos investimentos, se torna inviável
adotar um papel empreendedor.
Mas é bom lembrar que não há nenhum demérito em assumir o papel
defensivo, aliás pode até ser mais vantajoso para o investidor individual, que
são a grande maioria quando se fala em investimentos. Digo isso por que o
investidor empreendedor, nem todos, mas muitos deles, além de levarem tempo
para adquirir conhecimento e experiência, também contam com muita
responsabilidade, cobrança e operam com muitas limitações, como é o caso
clássico dos gestores de fundos de investimentos. Dependendo da política de
investimento do fundo, eles não podem fazer grandes “movimentos”, pois muitos
desses fundos, principalmente os abertos, sofrem resgates de seus cotistas, e
sendo assim, são obrigados a alocar parte dos recursos aportados em renda fixa
de forma a “provisionar” esses resgates, diminuindo consequentemente a
performance do fundo. Mas voltando ao ponto central, no livro supracitado, o
autor destaca que o investidor defensivo deve alocar metade da carteira em
renda fixa e a outra em renda variável. Mas cabe uma ponderação aqui. Não
necessariamente essa seja a alocação mais certa, pois isso depende muito do
nível de tolerância ao risco do investidor defensivo. O investidor pode alocar
de 20 a 40% da carteira em renda fixa e a outra parte em renda variável ser
sabiamente diversificada. Na verdade, não existe uma alocação estática ao longo
do tempo, ela sempre vai variar de acordo com vários fatores externos e
internos.
Enfim, esse posicionamento no tocante à política de investimentos não
vem de uma hora para outra, mas apenas com o passar do tempo. Alguns já assumem
um posicionamento logo no início, outros assumem depois de certo tempo, como
foi o meu caso. É muito importante enxergar as suas limitações, isso é
essencial para quem quer sobreviver e continuar ganhando!
Abraços,
Seja Independente
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