Olá pessoal,
Alguns devem estar se perguntando o que eu quero dizer com “não se
interessa”. Na verdade, esse artigo é uma continuação do último artigo
publicado chamado “A pergunta
que não quer calar: a taxa Selic caiu. E agora?”. Neste artigo vou
focar mais especificamente naquele público de investidores que não se interessam
por investimentos, seja por que tem medo do desconhecido ou por que não gostam
do assunto. A receita caseira a que me refiro no artigo é uma estratégia de
investimentos que pode ser adotada por qualquer pessoa. Vou explicar no que ela
consiste.
Primeiramente, é importante estabelecer aqui o público alvo para a
adoção dessa “receita caseira”, que são aqueles investidores muito
conservadores, que sempre investiram na caderneta de poupança ou naqueles
fundos de investimentos/previdência privada dos bancos com taxas de
administração abusivas, e na melhor das hipóteses, em imóveis físicos. Para
sermos bem sinceros, a grande maioria dos brasileiros que tem o hábito de
poupar tem esse perfil de investidor (se é que podemos chama-los disso). São
pessoas que ainda carecem de educação financeira, pois sabemos que esse assunto,
historicamente, não é ensinado em sala de aula no nosso país. Chega a ser uma
questão cultural. Como alguns devem saber, no Brasil existem pouco mais de 1 (hum)
milhão de CPFs cadastrados na Bolsa de Valores de São Paulo, ou seja, apenas um
pequeníssimo percentual da população brasileira investem diretamente na “fonte”,
cerca de 0,5% da população total. Na Colômbia, país latino-americano assim como
nós, esse percentual chega a 6% (fonte).
Então, para esse tipo de público, a “receita caseira” irá funcionar com
eficiência, permitindo ao investidor muito conservador ter tempo livre para
trabalhar no que é bom (lembre-se do círculo de competência) e ao mesmo tempo
atingir os seus objetivos. E no que ela consiste? Investir a maior parte da
carteira em Tesouro Selic, variando de 70 a 90%, de acordo com o perfil do
investidor, e o restante em ETF brasileiro (BOVA11) e ETF norte-americano
(IVVB11). O investidor poderá aportar periodicamente nessas três classes de
ativos e dormir tranquilamente, sem se preocupar com nada. Com toda a certeza,
essa “receita caseira” performará melhor do que muitas previdências privadas de
grandes bancos, permitindo ao investidor uma massa de recursos digna de uma
bela aposentadoria. Vale salientar que essa estratégia apenas surtirá efeito se
for através de uma corretora/distribuidora de valores imobiliários
independente, onde o spread bancário é bem menor do que os dos grandes bancos,
pois os custos também contam no resultado final.
Mas como nem tudo são flores, essa estratégia também possui desvantagens.
Ela não permitirá ao investidor obter renda passiva, pois os proventos das
ações que compõem os ETFs são reinvestidos no próprio ETF, não sendo assim
disponibilizados ao investidor. Outra desvantagem é o fato de o investidor não
ter muita margem de manobra para alterar, pois os custos para tal são mais
altos, como as alíquotas do imposto de renda do Tesouro Selic e do ETF
norte-americano IVVB11, inviabilizando os resgates que porventura o investidor
queira realizar. Entretanto, se o investidor tiver plena consciência de suas
limitações, como inaptidão para investir por conta própria e tempo para
estudar, e resolver adotar essa estratégia com fidelidade irrestrita, ele pode ter
ótimos resultados no longo prazo e em alguns casos se sair até melhor dos que
muitos investidores com um bom tempo de estrada.
Enfim, cabe ao investidor decidir o que é melhor para o seu futuro. É
melhor, em minha opinião, que o investidor, por mais conservador que seja, tome
decisões que o tirem da zona de conforto e o coloque em um patamar mais elevado
no futuro, do que depender de terceiros na velhice, seja o governo por meio de
uma previdência pública ou um banco por meio de uma previdência privada com
taxa abusiva. Lembrem-se, apenas o conhecimento liberta, em qualquer área da
vida. Na área dos investimentos não é diferente!
Abraços,
Seja Independente
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