Olá pessoal,
Como todos devem saber, nessa última semana o COPOM (Comitê de Política
Monetária) do Banco Central cortou mais 0.5 pp (meio ponto percentual) da taxa
Selic, fixando-a em 5,5% ao ano. E tenho visto muitos investidores perguntarem
aonde deveria investir a partir de agora, após esse corte. Quem faz esse tipo
de pergunta ainda não compreendeu o que é investir. Eu sei que é duro para
alguns investidores ler esse tipo de comentário, mas é a verdade! Mas primeiro
deixem-me explicar as razões para tal comentário.
Primeiramente, o investidor deve compreender que existem 03 (três)
pilares que sustentam qualquer investimento: rentabilidade, liquidez e
segurança. Cada investimento deve possuir cada um desses três pilares, não necessariamente
na mesma escala, mas em escalas diferentes. O que vai definir a escolha por um
investimento é o objetivo a ser atingido pelo investidor, podendo ser: formar
patrimônio e/ou receber renda passiva, diminuir o risco total da
carteira, ou constituir reserva de emergência. Cada tipo de investimento vai
atender cada um desses objetivos de acordo com os pilares mais fortes que cada
um deles possui. Uns têm uma escala maior em rentabilidade, como as ações e os
fundos imobiliários, então serão ideais para formar patrimônio e/ou receber
renda passiva. Outros têm uma escala maior em liquidez, como o título público
tesouro Selic ou a caderneta de poupança, então serão ideais para constituir
reserva de emergência. Outros já têm uma escala maior em segurança, como os
títulos públicos atrelados à inflação, então serão ideais para diminuir o risco total da carteira. Mas vale ressaltar que isso não quer dizer que
esses investimentos não tenham os outros pilares. Eles têm sim, mas em menor
escala. Por exemplo, quem pretende constituir uma reserva de emergência deve
optar por investimentos com maior liquidez, ou seja, com maior facilidade para
transformar em dinheiro. Os investimentos apropriados para formar patrimônio
não possuem muita liquidez e, sendo assim, não devem ser escolhidos para tal
finalidade.
Diante do exposto acima, já podemos responder a pergunta que não quer
calar: a taxa Selic caiu. E agora? E agora não muda nada. A estratégia de
investimento permanece a mesma, sem alterações. Você poderá continuar aplicando
no tesouro Selic sem se preocupar com a rentabilidade, pois esse pilar aqui não
nos interessa. O que interessa aqui é a liquidez, pois esse investimento
servirá para constituir a nossa reserva de emergência, podendo até diminuir o
risco total da carteira, diga-se de passagem. Para aqueles
investidores conservadores que investiam no tesouro Selic com o objetivo de
formar patrimônio, não se preocupem. Essa lacuna aberta com o corte da Selic
pode ser preenchida com uma alocação pequena em fundos de ações ou em ETF, como
o BOVA11 ou o IVVB11, ou em fundos imobiliários. Se ainda assim se sentirem
inseguros com posições em renda variável, mesmo que muito pequenas, lamento
informar, mas mesmo na renda fixa (ou será perda fixa?), o risco não
desaparecerá. Existem ativos de renda fixa com rentabilidades mais atraentes do
que as dos títulos públicos, como os CDB de bancos e as debêntures de empresas,
mas o risco de calote é maior. Você pode até questionar o seguinte: “Ah, mas
caso eu leve o calote o FGC (Fundo Garantidor de Crédito) irá me ressarcir”.
Mas em alguns casos o FGC leva vários meses para ressarcir os credores que
levaram calote (ver
matéria). E aí entra a questão do custo de oportunidade. Enquanto você aguarda
o ressarcimento, o seu dinheiro poderia estar rendendo em outro investimento. Resumindo,
se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. O risco é inerente a todos os
investimentos, sejam eles de renda fixa ou de renda variável. O que podemos
fazer é administrar os riscos através de uma boa diversificação e posições em
reservas de valor (criptomoedas e metais preciosos, por exemplo).
Enfim, é primordial para o investidor compreender as peculiaridades de cada
tipo de investimento. Não existe investimento bom e investimento ruim, mas sim
investimento ideal para cada objetivo e para cada perfil. Não confundir com
produtos bancários, como consórcios, títulos de capitalização e previdências
privadas e fundos de investimentos com taxas de administração abusivas, que
atendem única e exclusivamente aos interesses dos bancos e não aos interesses
dos clientes. Não os considero como investimentos, pois em todos eles os pilares
da rentabilidade e da segurança são frágeis ou quase inexistentes. As únicas
exceções são a caderneta de poupança e raríssimos fundos de investimento com
baixíssima taxa de administração, pois esses possuem o pilar da liquidez,
somente. Hoje já é possível investir através de corretoras. Em menos de uma
hora consegue-se abrir uma conta e muitas delas isentam o investidor de taxa de
corretagem e taxa de custódia, vantagem que não existe nas corretoras dos
grandes bancos. Fica a dica!
Abraços,
Seja Independente
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