Olá pessoal,
Hoje irei escrever um pouco de macroeconomia, mais especificamente sobre
o crescimento do PIB (produto interno bruto) brasileiro nos próximos anos. Esse
artigo é uma continuação da série de artigos sobre macroeconomia brasileira que
já escrevi aqui no blog, e o último foi “Não sejamos otimistas demais!”,
publicado em fevereiro. Mas dessa vez vou focar exclusivamente nos aspectos
econômicos, sem me ater aos investimentos, pois deixei bem claro a minha
posição nesses outros artigos.
Pois bem, como muitos investidores devem saber, a média de crescimento
do PIB brasileiro nas últimas três décadas, ou seja, nos últimos governos após
a redemocratização, foi de 2,5% (dois e meio por cento) ao ano (ver gráfico). A
maior parte dessa média, entre 1,5 e 2%, foi devido ao bônus demográfico que
contribuiu para o aumento da força de trabalho, em todos os setores da
economia. O restante da média se deveu de fato a eficiência na produtividade. Porém,
esse bônus demográfico não existe mais, pois a tendência no Brasil é de
famílias terem menos filhos, diminuindo a taxa de natalidade, o que, por
conseguinte, diminui o crescimento da força de trabalho no longo prazo. Mas o
problema não é apenas esse. Como muitos investidores bem informados devem
saber, uma boa parte da força de trabalho brasileira é composta por jovens e
adultos com péssimo nível educacional, onde muitos têm dificuldade de
interpretar textos e calcular as quatro operações básicas (são analfabetos
funcionais) e tampouco sabem falar e escrever um segundo idioma como também
possuir noções básicas de informática. Isso é um grande entrave para o
crescimento da produtividade. Além disso, também sabemos que o Estado
brasileiro sempre foi o principal indutor do nosso crescimento econômico,
através de investimentos em infraestrutura e em serviços públicos, como saúde e
educação. Quando explode uma crise como essa última agora, faltam recursos para
esses investimentos, impactando fortemente no crescimento do PIB.
Portanto, é de se esperar que no curto e médio prazo o PIB brasileiro
não voltará a crescer no mesmo patamar de antes. Isso é fato! Para voltar a
crescer serão necessárias algumas medidas enérgicas que consigam sobrepujar a
lacuna aberta deixada pela perda do bônus demográfico. A primeira delas é
fortalecer a iniciativa privada e diminuir o tamanho do Estado brasileiro, pois
este depende do anterior para sobreviver. Sem arrecadação de impostos, o Estado
perde a capacidade de investir em infraestrutura e em serviços públicos
básicos. A segunda medida é investir em educação básica de forma eficiente para
que as futuras gerações possam ter condições de se qualificar para o mercado de
trabalho. Mas essa medida requer muito tempo para gerar frutos. Até lá a
terceira medida ajudará no crescimento do PIB, que é uma maior abertura comercial
e uma maior importação de capital financeiro, físico e humano, mais
especificamente direcionado para o nosso principal setor econômico, o
agronegócio. A economia doméstica brasileira, isoladamente, não tem potência
suficiente para destravar o crescimento do nosso PIB nas próximas décadas.
Enfim, acredito que temos potencial para voltar a crescer como antes,
mas implementando as medidas elencadas acima. Sendo implementadas, nosso PIB
tem potencial para crescer até mais do que a média das últimas décadas. Não
acredito que a nossa economia ficará estagnada, como aconteceu com o Japão, por
exemplo. Até porque o Brasil possui vantagens que outros países não têm, como potencial
agrícola gigantesco, população economicamente ativa grande (por enquanto) e
boas relações diplomáticas com o restante do mundo. Por isso eu digo: o Brasil
não voltará a crescer como antes, pois vai crescer mais!
Abraços,
Seja Independente
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