domingo, 15 de setembro de 2019

O Brasil não voltará a crescer como antes!


Olá pessoal,
                                                                                                                                                        
  Hoje irei escrever um pouco de macroeconomia, mais especificamente sobre o crescimento do PIB (produto interno bruto) brasileiro nos próximos anos. Esse artigo é uma continuação da série de artigos sobre macroeconomia brasileira que já escrevi aqui no blog, e o último foi “Não sejamos otimistas demais!”, publicado em fevereiro. Mas dessa vez vou focar exclusivamente nos aspectos econômicos, sem me ater aos investimentos, pois deixei bem claro a minha posição nesses outros artigos.
  Pois bem, como muitos investidores devem saber, a média de crescimento do PIB brasileiro nas últimas três décadas, ou seja, nos últimos governos após a redemocratização, foi de 2,5% (dois e meio por cento) ao ano (ver gráfico). A maior parte dessa média, entre 1,5 e 2%, foi devido ao bônus demográfico que contribuiu para o aumento da força de trabalho, em todos os setores da economia. O restante da média se deveu de fato a eficiência na produtividade. Porém, esse bônus demográfico não existe mais, pois a tendência no Brasil é de famílias terem menos filhos, diminuindo a taxa de natalidade, o que, por conseguinte, diminui o crescimento da força de trabalho no longo prazo. Mas o problema não é apenas esse. Como muitos investidores bem informados devem saber, uma boa parte da força de trabalho brasileira é composta por jovens e adultos com péssimo nível educacional, onde muitos têm dificuldade de interpretar textos e calcular as quatro operações básicas (são analfabetos funcionais) e tampouco sabem falar e escrever um segundo idioma como também possuir noções básicas de informática. Isso é um grande entrave para o crescimento da produtividade. Além disso, também sabemos que o Estado brasileiro sempre foi o principal indutor do nosso crescimento econômico, através de investimentos em infraestrutura e em serviços públicos, como saúde e educação. Quando explode uma crise como essa última agora, faltam recursos para esses investimentos, impactando fortemente no crescimento do PIB.




  Portanto, é de se esperar que no curto e médio prazo o PIB brasileiro não voltará a crescer no mesmo patamar de antes. Isso é fato! Para voltar a crescer serão necessárias algumas medidas enérgicas que consigam sobrepujar a lacuna aberta deixada pela perda do bônus demográfico. A primeira delas é fortalecer a iniciativa privada e diminuir o tamanho do Estado brasileiro, pois este depende do anterior para sobreviver. Sem arrecadação de impostos, o Estado perde a capacidade de investir em infraestrutura e em serviços públicos básicos. A segunda medida é investir em educação básica de forma eficiente para que as futuras gerações possam ter condições de se qualificar para o mercado de trabalho. Mas essa medida requer muito tempo para gerar frutos. Até lá a terceira medida ajudará no crescimento do PIB, que é uma maior abertura comercial e uma maior importação de capital financeiro, físico e humano, mais especificamente direcionado para o nosso principal setor econômico, o agronegócio. A economia doméstica brasileira, isoladamente, não tem potência suficiente para destravar o crescimento do nosso PIB nas próximas décadas.
  Enfim, acredito que temos potencial para voltar a crescer como antes, mas implementando as medidas elencadas acima. Sendo implementadas, nosso PIB tem potencial para crescer até mais do que a média das últimas décadas. Não acredito que a nossa economia ficará estagnada, como aconteceu com o Japão, por exemplo. Até porque o Brasil possui vantagens que outros países não têm, como potencial agrícola gigantesco, população economicamente ativa grande (por enquanto) e boas relações diplomáticas com o restante do mundo. Por isso eu digo: o Brasil não voltará a crescer como antes, pois vai crescer mais!
 
Abraços,
Seja Independente

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