Olá pessoal,
Hoje irei reforçar mais uma vez a importância de ser conservador na
formatação da carteira, ou como diz o título do artigo, “antifrágil”. Peguei
esse termo emprestado do livro “A Lógica do Cisne Negro” de Nassim Taleb, que
já havia citado anteriormente num dos artigos mais recentes do blog. Alguns
podem até me achar repetitivo ou até mesmo chato, mas dada a importância do
tema no meu ponto de vista e pelo fato de ser uma época oportuna para tal, eu
optei por reforçar essa ideia de conservador/antifrágil através de diversos
artigos.
Quando muitos ouvem falar em antifragilidade, já associam a estratégia
Barbell (estratégia do supino), que consiste em montar uma carteira composta
por 90% de títulos públicos e 10% de opções de ações. Particularmente, não
curto muito investir em opções, por diversos motivos. No Brasil, são
pouquíssimas as empresas que ofertam essas opções, geralmente as mais líquidas,
caso de Petrobrás, Eletrobrás, Vale e os grandes bancos. Outro motivo é o fato
de serem focadas no curto prazo, então o investidor termina gastando mais no
curto prazo com estas opções. Além disso, para que o investidor tenha sucesso,
precisa ter um certo conhecimento em análise gráfica e em economia, especificamente
nos setores das empresas que ofertam essas opções, o que é para poucos. Então,
no final das contas, o custo-benefício tende a ser baixo, mas apenas para quem
não tem o conhecimento necessário, que é o caso da grande maioria. Na Bolsa de
Valores americana, Wall Street, que é disparada a maior do mundo, isso já é
mais factível, dada a oferta de opções e a quantidade de investidores que
possuem esse conhecimento. Mas obviamente que já existem no Brasil vários
investidores que adotam essa estratégia com sucesso e não tenho nada contra
isso, apenas acho que é mais prático para o investidor amador assim como eu
investir focado no longo prazo analisando os fundamentos das empresas.
Então, baseando-se nesse ponto de vista, vou apresentar alguns pontos
relevantes para a formatação de uma carteira: 1°) Contar com uma boa reserva
de emergência, que possa proteger a carteira previdenciária do investidor
dos grandes imprevistos que acometem não apenas a vida do investidor, mas
também o desempenho da própria carteira. Muitos investidores subestimam a
importância dessa reserva, pois se apressam demais em atingir a independência
financeira e acabam focando demais na carteira e se esquecem da proteção dela. Na
medida em que o investidor aumentar o seu padrão de vida, ele deve aumentar o
aporte na reserva de emergência, e não apenas na carteira; 2°) Diversificar
a renda variável em classes de ativos, o que significa dizer que o
investidor não deve apenas diversificar o seu portfólio de ações, mas também a
sua renda variável como um todo. Por isso é importante investir também em
fundos imobiliários, para diminuir a assimetria, o risco, a volatilidade ou o
beta da sua carteira. Se o investidor tiver recursos suficientes para tal,
também pode investir em imóveis físicos, como salas comerciais, por exemplo,
mas com muito estudo e planejamento prévio. Também pode investir em um fundo
multimercado focado em moedas, ou seja, que aufira rentabilidade comprando e vendendo
moedas de vários países, como dólar, euro, iene, libra, rublo, franco suíço,
real e outros; 3°) Diversificar a renda variável geograficamente, o que
significa dizer que o investidor não deve investir apenas localmente, no país
em que reside, mas no exterior também. Obviamente que investir fora pode se
tornar muito oneroso ou até mesmo inviável, mas hoje já existem possibilidades
viáveis de se investir fora sem a necessidade de remeter dinheiro para o
exterior, como por exemplo, o índice S&P 500 que é ofertado na Bovespa com
o código IVVB11. Esse índice é administrado pela BlackRock, a maior gestora de
ativos do mundo, com sede em Nova York. Também é possível investir em fundos
multimercados que investem no mercado internacional como um todo, através de
algumas corretoras, como a XP Investimentos, por exemplo. A importância dessa
estratégia reside na necessidade de proteção cambial e sistêmica, pois nunca
sabemos o que pode acontecer politicamente com um país; 4°) Investir em
renda fixa focando exclusivamente na segurança, o que significa dizer que aqui desaparece o
benefício da diversificação, já que o foco não é mais a rentabilidade, mas sim
a segurança. A única função da renda fixa é amortecer o risco sistêmico da
carteira. Portanto, não há necessidade de diversificar em outros ativos de
renda fixa, como CDB de bancos menores ou debêntures incentivadas prometendo
rentabilidades de 120% do CDI ou IPCA + 9%, com risco de dar calote. É melhor
investir apenas nos títulos públicos, já que são os ativos mais seguros que
existem em qualquer país, pois o risco do governo dar um calote é baixíssimo ou
quase inexistente.
Muitos economistas mundo afora já alertam para o risco de eclodir mais
uma crise mundial, tal como a de 2008. Apenas não sabemos com exatidão em que
data eclodirá nem tampouco a gravidade dela. A única coisa que está ao alcance
do investidor é fazer a tarefa de casa, o tradicional feijão com arroz, o
simples mas eficaz, enfim, o que funciona, que são essas estratégias que eu
adoto para a minha carteira. Não há necessidade, no meu entendimento, de adotar
a estratégia Barbell. Basta montar uma reserva de emergência com uma margem de
segurança para mais e nunca para menos, diversificar a sua carteira variável em
classes e geograficamente e ser ultraconservador na sua renda fixa. A proporção
entre a renda variável e a renda fixa fica a critério do investidor, ninguém
mais além dele pode determinar. Na boa, vocês acham mesmo que os grandes
investidores, como Warren Buffet, Charlie Munger, George Soros, Luiz Barsi,
Lírio Parisoto e tantos outros, aqui no Brasil e lá fora, chegaram até o topo
sem adotar essas estratégias? Sem contar com uma boa reserva de emergência para
cobrir os imprevistos? Sem diversificar as suas carteiras em classes e
geograficamente? De jeito nenhum!
Enfim, muitos podem até discordar de mim, mas acredito muito nessas
estratégias. São elas que permitem o investidor sobreviver e continuar
estudando e aprimorando os seus investimentos, e deixando os juros compostos
fazer o seu trabalho “milagroso”. Não podemos prever o futuro, mas podemos nos
precaver. Isso está perfeitamente ao nosso alcance. E talvez não tenha dito o
mais importante aqui: não dê ouvidos aos pessimistas, invejosos e aos falsos
gurus!
Grande abraço a todos,
Seja Independente
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