Olá pessoal,
Hoje irei falar sobre alguns insights sobre o Brasil que me vieram à mente
baseando-se em alguns fatos que vieram à tona nessa semana. Trata-se de uma
triste constatação em relação ao nosso país e que corrobora a minha tese
descrita nos artigos anteriores de que os nossos fundamentos econômicos ainda são
ruins.
Como todos devem saber, a reforma da previdência foi aprovada em 1ª
turno na câmara dos deputados. Devemos comemorar, sim, mas ainda com ressalvas.
Logo após a aprovação do texto-base, iniciou-se a votação dos destaques que
desidratam a reforma, como foi o caso de algumas categorias, como policiais e
professores. Admito que se tratam de correções no texto que visam eliminar uma
certa dose de injustiça com essas categorias que são tão honradas, mas que
impactam a previdência dos demais, pois esses terão que custear essas
correções. Além disso, estados e municípios ficaram de fora, pelo menos até o
presente momento. A base governista ainda tem esperança de inseri-los através
de uma PEC quando a reforma chegar ao senado, mas será muito difícil, pois
alguns governadores são contra a reforma (dos partidos de oposição). Seria
desastroso, para falar o mínimo, se os estados e municípios ficassem de fora da
reforma. Muitos deles já não conseguem pagar em dia as suas folhas de pessoal.
Mas o que mais me chamou atenção nessa semana foram dois fatos: o primeiro
se trata da indicação pelo presidente da república do seu próprio filho,
deputado federal Eduardo Bolsonaro, para o cargo de embaixador do Brasil nos
EUA. Um fato inédito, sem precedentes, na nossa história. Trata-se de um caso
flagrante de nepotismo. Para aqueles que acreditaram que Jair Bolsonaro iria
extinguir a velha política no seu governo, eis a verdade vos sendo revelada. O
segundo se trata de uma revelação estarrecedora do humorista do Casseta e
Planeta Marcelo Madureira em um vídeo no youtube. Ele afirmou que o cartório
cobrou, pasmem, pela renovação do atestado de óbito do seu falecido pai. Onde
está o bom senso em cobrar por uma coisa dessas, se a pessoa morre apenas uma
vez? Realmente é um descalabro. Percebam meus caros colegas, que o nosso país
ainda permite práticas dignas do coronelismo do século 19, ou seja, ainda temos
idiossincrasias, bizarrices e aberrações que existiam apenas em países
atrasados nos séculos passados. Por isso que ainda somos um país atrasado, um
país que não é para amadores, como muitos dizem. Percebam que o problema é de
dentro para fora, o problema está em nós mesmos, o maior problema do Brasil é o
brasileiro, pois é uma questão cultural, onde princípios, conceitos e valores
éticos e morais errados são transmitidos através de gerações. Percebam que
todos esses nossos vícios se refletem em leis erradas, todas, inclusive a
constituição cidadã. E isso termina desaguando em corrupção, violência,
pobreza, ignorância e outras mazelas sociais.
Falta
claramente um senso de coletivo, de patriotismo, na nossa sociedade. Acho
engraçado o brasileiro achar que patriotismo é colocar a mão no lado esquerdo
do peito, estufar os pulmões e cantar o hino nacional em jogo de copa do mundo,
quando na verdade é muito mais do que isso. E muitas vezes fico me perguntando
por que existe essa cultura no nosso país. Acredito que existem vários fatores
sociais e geográficos. O Brasil herdou o intervencionismo estatal de Portugal e
assim já começou errado. Some-se a isso uma diversidade cultural e religiosa de
vários povos diferentes, como índios, africanos e europeus. Some ainda o fato
de termos uma população e uma extensão territorial muito grande. É como se
houvesse um vácuo de identidade nacional, de coesão social, de patriotismo, onde
cada brasileiro não pensa no bem-estar da sociedade brasileira em geral, mas
apenas em seu próprio umbigo. É como diz o matuto: “farinha pouca, meu pirão
primeiro”. Muitos culpam os políticos pelos nossos problemas. Mas ora bolas, os
nossos políticos são uma amostra da nossa sociedade. Muitos podem me achar
pessimista, eu sei. Mas o que eu quero dizer aos apressados é que avanços, como
pessoas nas ruas cobrando os políticos, operação lava-jato e reformas fiscais ainda
são um microcosmo de uma tentativa embrionária de uma parcela da sociedade de
mudar o país para melhor. Ainda estamos vivenciando diariamente vícios de um
Brasil ainda velho, corrupto e violento para os seus compatriotas. Vai demorar
muito ainda para respirarmos um ar livre de todas essas impurezas que apenas
encontramos em países desenvolvidos.
Mudando o foco para o universo dos investimentos, todos esses fatos
ainda corroboram a minha tese conservadora. Para ser mais específico, quem é
buy and hold e está focado em formar patrimônio, evite casos de turn around,
small caps com pouco tempo de bolsa e empresas cíclicas (com algumas exceções).
Não quero convencer ninguém a adotar a mesma estratégia adotada por mim, mas
apenas alertá-los. Como já foi dito, o Brasil não é para amadores. Se o
investidor acha que agora o Brasil vai crescer ininterruptamente por várias
décadas e casos de pedido de falência e recuperação judicial vão diminuir e,
sendo assim, não há motivo para pessimismo, reflita um pouco mais. Os nossos
fundamentos macroeconômicos ainda são ruins e continuarão num patamar ruim, com
uma melhora lenta e gradual ao longo de vários anos. Mas se o investidor que é
agressivo discorda de mim, vai em frente. Apenas lembre-se que deverá estudar
muito e contar com um pouco de sorte.
Lembre-se que os fatores tempo e aporte são os mais importantes, como
dizem os educadores financeiros. Apenas investir não vai te enriquecer da noite
para o dia. Eu já me convenci disso. E você, já se convenceu?
Abraços,
Seja Independente
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