Olá pessoal,
Hoje eu irei falar sobre a importância de se analisar os fundamentos da
economia nacional antes de iniciar a formatação da sua carteira de
investimentos. Na minha humilde opinião, como investidor iniciante e
autodidata, é primordial analisar todos os fundamentos econômicos antes de
começar a investir, mas obviamente que a maioria dos investidores não terá essa
percepção no início da formatação. Pelo contrário, eles terão essa percepção
após já terem investido uma parte do patrimônio e adquirido uma certa bagagem
de conhecimento por meio de livros, sites e cursos. Além do mais, essa análise
não se encerra num determinado ponto do tempo, mas sim continua de forma perene
enquanto o investidor estiver formatando a sua carteira ao longo da vida.
No caso específico do Brasil, ainda continuamos com fundamentos ruins,
apesar do nosso potencial para crescer nas próximas décadas. Precisamos de
várias reformas no meu ponto de vista, como previdenciária, tributária, trabalhista,
política, administrativa, penal e educacional. Precisamos de mais Brasil e
menos Brasília. Precisamos acabar com os privilégios de elites abastadas que
vem se perpetuando desde os tempos em que éramos colônia de Portugal. Herdamos
de Portugal um Estado intervencionista, paternalista, hipertrofiado e corrupto,
e que ao invés de ter sido expurgado do nosso ordenamento jurídico, foi aprimorado
após a redemocratização e a Constituição de 88 em benefício da classe política
e em detrimento da sociedade em geral. E o que tudo isso significa para a nossa
carteira de investimentos? Muita coisa, a começar pelos juros altos praticados
pelo governo e pelos bancos, pela inflação que corrói os salários dos
trabalhadores e pela alta carga tributária imposta pelo governo. Com base nesse
cenário, posso afirmar que o mais prudente a se fazer é ser conservador na
formatação da sua carteira “agressiva”. Os melhores setores nesse caso são
aqueles que se beneficiam dos juros altos e da sua própria natureza “resiliente”.
É por isso que metade da minha carteira de ações está investida no setor
financeiro (bancos e seguradoras) e a outra metade nos setores elétrico, hospitalar e educacional. A única empresa cíclica em que eu invisto é a Ambev, por se
tratar de uma multinacional brasileira com ótima governança corporativa e líder
de mercado (pelos menos por enquanto, apesar da Heineken). Também invisto numa
carteira de fundos imobiliários com foco exclusivamente em salas comerciais, numa
carteira de títulos públicos e numa ETF norte-americana (para diversificar
geograficamente e fazer o hedge cambial), mas essas carteiras representam a
menor parte da minha carteira total de investimentos.
Entendam que é muito difícil para as grandes empresas listadas na Bolsa
do setor cíclico fazerem investimentos de longo prazo para que possam ter maior
rentabilidade e assim gerarem maior retorno para os seus acionistas. O ambiente
de negócios no nosso país é muito hostil, a começar pela alta e complexa carga
tributária, pelos altos encargos sociais e trabalhistas, pela mão-de-obra
desqualificada em virtude do nosso baixo nível educacional, pela insegurança
jurídica que dificulta o cumprimento dos contratos, sejam eles cíveis ou
administrativos, pela precária infraestrutura das rodovias, ferrovias, portos e
aeroportos, e por todos os outros gargalos conjunturais que formam o nosso
chamado Custo-Brasil. Mesmo que futuros governos liberais tenham a boa vontade
de reverter esse quadro, isso levaria décadas para começar a surtir efeitos,
dada a quantidade de problemas que nós temos, a começar pela nossa mão-de-obra
desqualificada e o envelhecimento populacional aliado a uma diminuição da
natalidade (perda do bônus demográfico).
Portanto, antes e durante a formatação da sua carteira de investimentos,
pense mais a respeito desses problemas que entravam o nosso crescimento
econômico. Um bom livro que eu recomendo para entender um pouco mais a nossa
situação é “Macroeconomia para Executivos”, dos autores Fabio Giambiagi e
Cristiane A. J. Schmidt.
Abraços,
Seja Independente
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