Olá pessoal,
Hoje eu irei falar um pouco mais sobre um tópico específico da Reforma
da Previdência, assunto que está no topo da lista de pautas que impactam a
sociedade brasileira atualmente. Então nada mais oportuno do que falar um pouco
mais sobre todos os pontos envolvendo a Reforma da Previdência.
Assim como eu tratei sobre esse ponto da reforma no artigo publicado em
dezembro de 2018 intitulado “Reforma da Previdência não resolve o seu problema”,
irei tratar também hoje, mas de uma forma mais aprofundada. Conforme constatado
na entrevista do economista chileno citado no artigo, na imprensa e nos debates
ocorridos na CCJ da Câmara (para quem acompanha sempre que possível sabe do que
estou falando), o regime de capitalização implantado na época da ditadura de
Augusto Pinochet não surtiu o efeito desejado, ou seja, os aposentados chilenos,
em sua maioria, estavam recebendo pensões abaixo de um salário mínimo. Quando
os deputados da oposição argumentaram isso ao criticar o regime de
capitalização durante a sessão com o Ministro da Economia Paulo Guedes, o mesmo
replicou dizendo que esse regime permitiu um aumento da renda per capita chilena.
Enfim, sempre haverá o lado positivo e o lado negativo, pois nada é perfeito.
Mas a minha intenção aqui não é discutir essa questão da eficácia do regime, e
sim discutir a relevância desse regime para os futuros segurados da Previdência
Social.
Vamos supor que a Reforma da Previdência seja aprovada no Congresso com
pouca desidratação, permitindo a implantação futura do regime de capitalização
para as futuras gerações. Então ao invés de continuar esse regime atual de
repartição, onde os trabalhadores que estão na ativa contribuem para a
Previdência para que essa possa pagar os atuais aposentados e pensionistas,
seria implantando um regime onde os trabalhadores ativos contribuem para a própria
conta de previdência deles, como se fosse uma espécie de poupança. Lá na
frente, depois de ter contribuído por décadas para essa conta particular, esse
trabalhador aposentado começará a receber o salário de aposentadoria mensalmente
resgatado dessa conta particular dele, da mesma forma como funcionam as
aposentadorias de previdência privadas ofertadas pelas instituições financeiras.
Dito isso, questiono vocês leitores: caso esse regime seja implantado, por que
o trabalhador não aprende a formatar uma carteira previdenciária sem a ajuda de
terceiros ao invés de delegar a sua poupança “forçada” para o governo que, como
todos nós já sabemos, é contumaz em iludir os trabalhadores com falsas
promessas de garantir uma velhice sustentável para cada um de nós, seja porque
desvia os recursos previdenciários para outras finalidades (o mais comum) ou
porque não sabe gerenciar os recursos? Mesmo que o trabalhador seja compelido a
contribuir para esse sistema nos primeiros empregos, não é prudente contar
apenas com essa poupança para garantir uma aposentadoria digna que possa prover
minimamente todas as necessidades básicas. Vide o que aconteceu no Chile. É
necessário que se dissemine urgentemente uma cultura de poupança e investimento
no nosso país, para que o trabalhador não dependa apenas da Previdência Social.
Arrisco a dizer que daqui a algumas décadas em muitos países o sistema de
seguridade social terá condições de pagar apenas o valor correspondente a um
salário mínimo para cada cidadão, pois a tendência no mundo é que o desemprego
aumente em virtude do avanço tecnológico, reduzindo drasticamente a capacidade
contributiva de muitos trabalhadores, e também demandando muito do sistema de
seguridade através de políticas sociais protetivas para as pessoas
desempregadas ou que vivem na informalidade.
Enfim, é necessário que se compreenda que o risco futuro de um colapso
global dos sistemas de seguridade social é iminente. À medida que mais pessoas
no mundo vivam mais anos na velhice e sem condições de contribuir, com menos
pessoas nascendo para compor a força de trabalho que irá contribuir para o
sistema, mais inviável será a sobrevivência dos sistemas de seguridade,
forçando centenas de milhões de pessoas no mundo inteiro a pouparem mais para
que possam investir mais e com sabedoria.
Abraços,
Seja Independente
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