Olá
pessoal,
Acredito que muitos de vocês já devem ter
visto a propaganda do Itaú Personnalité ou pelo menos a repercussão dela nas
mídias sociais (ver o vídeo
aqui). O CEO fundador da Corretora XP, Guilherme Benchimol, se manifestou
abertamente a respeito do vídeo em suas redes sociais (ver
aqui) e (ver aqui),
defendendo os assessores de investimentos. Muitos estão opinando que é apenas
uma jogada de marketing de ambas, já que o Itaú tem 49% de participação no
capital social da XP. Seria uma espécie de “teatro das tesouras” estilo PT x
PSDB (risos). Mas não pretendo focar nisso, mas sim num fenômeno que vem
ocorrendo no nosso país nos últimos anos. Vou explicar do que se trata.
Quem tem um pouco mais de idade sabe que no
nosso país a taxa de juros básica (Selic) sempre foi historicamente alta, com
juros reais atrativos. Após o início do Plano Real em 1995 ela estava na casa dos
53%, chegando a 58% no ano seguinte. Na primeira década do novo milênio a taxa
Selic média foi de 15,56%. Isso significa dizer que durante esse período o
poupador médio brasileiro aplicava na caderneta de poupança ou no CDB do
“bancão” onde ele tinha conta e conseguia obter uma rentabilidade real
(descontada a inflação) próxima de 14% ao ano ou 1,10% ao mês, sem fazer nenhum
esforço. Repito, rentabilidade REAL, descontada a inflação, num investimento
com risco praticamente nulo. Com isso, todo mundo saía ganhando: o gerente
conseguia bater as suas metas mensais de recursos captados para o “bancão” e os
aplicadores de renda fixa ganhavam os seus juros elevados sem fazer esforço. E
por que isso acontecia? Isso acontecia porque o governo optava por debelar a
hiperinflação anterior ao Plano Real que corroía o poder de compra do
brasileiro com uma política monetária extremamente contracionista, ao invés de
debelar também com uma política fiscal responsável. Com a taxa de juros na lua,
os estrangeiros procuravam aportar dólares no Brasil para aproveitar essa
“Disneylândia dos juros altos”. Com a entrada de mais dólares no país, mais o
real se valorizava frente ao dólar (artificialmente, diga-se de passagem),
controlando assim a hiperinflação dos preços dos bens e serviços.
Diante desse cenário, e como o sistema
bancário nesse período era extremamente concentrado em poucos “bancões”, não
houve preocupação por parte dos brasileiros em educar-se financeiramente e
investir de forma mais arriscada, já que os juros altos estavam garantidos pelo
“bancão”, sem necessidade de correr riscos. Sendo assim, o cartel de bancos começou
a explorar a falta de educação financeira dos brasileiros e lucrar em cima
disso, empurrando péssimos produtos bancários, como títulos de capitalização,
consórcios (isso nem é investimento!), fundos de investimentos de renda fixa e
previdências privadas com taxas de administração exorbitantes, etc. Sem contar
as taxas de juros cobradas no cheque especial, cartão de crédito e empréstimos.
De fato, nunca houve uma preocupação com o cliente por parte dos “bancões”, mas
sim com o atingimento de metas impostas “goela abaixo” aos seus gerentes de
contas.
Porém, para a nossa sorte, está havendo uma
redução da taxa Selic de forma gradativa nos últimos 3 anos. Hoje a Selic está
em 2,25%, com uma rentabilidade real negativa. Isso força o aplicador da
caderneta de poupança e de outros produtos bancários de péssima qualidade a
saírem da zona de conforto para buscar uma rentabilidade maior, seja por conta
própria através de conhecimento adquirido, seja delegando os seus investimentos
a um profissional da área. E é aí que entra a figura do agente autônomo de
investimento (comumente chamado de assessor de investimentos), defendido pelo
fundador da XP, Guilherme Benchimol. Esse profissional é um “gerente” que
trabalha em um escritório vinculado a uma corretora de valores. Mas diferente
do gerente tradicional do banco que se preocupa apenas com o cumprimento de
metas, mesmo que para isso tenha que empurrar “tranqueira” para o cliente, o
assessor de investimentos disponibiliza ao seu cliente um atendimento
personalizado, dedicando uma atenção full
time a ele. O assessor, primeiramente, procura identificar qual é o perfil
do seu cliente e com isso busca formatar uma carteira de investimentos de
acordo com esse perfil. Além disso, as corretoras não ofertam para os seus
clientes produtos de péssima qualidade, pois o foco está na satisfação do
cliente. Esse tipo de profissional não recebe um salário fixo. Ele recebe
comissionamentos de acordo com o volume de recursos captados da sua carteira de
clientes para a corretora. O assessor, antes de mais nada, é um empreendedor
que arrisca o seu próprio dinheiro para prestar um serviço de assessoria aos
clientes. Percebem a diferença?
Não
pretendo aqui neste artigo desmerecer os gerentes de bancos ou qualquer outro
tipo de profissional do mercado financeiro que tenha se sentido ofendido. Quem
sou eu para julgar alguém, ainda mais sabendo que cada um precisa sustentar a
sua família e proporcionar um futuro mais digno para os seus filhos? Eu apenas
pretendo mostrar aqui que está havendo uma mudança cultural na prestação de
serviços de assessoria financeira no nosso país, com foco em primeiro lugar no
cliente. E isso é muito importante para a população brasileira. Portanto,
alegrai-vos!
Abraços,
Seja
Independente
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