sábado, 23 de novembro de 2019

Livro A Lógica do Cisne Negro, do autor Nassim Nicholas Taleb e Livro Rápido e Devagar, do autor Daniel Kahneman







Olá pessoal,
                            
  Alguns leitores já devem estar se perguntando por qual motivo irei falar sobre dois livros em um único artigo. E eu respondo: porque eles são complementares. Acredito que muitos investidores já devem ter ouvido falar neles, inclusive já citei o livro de Nassim Taleb em alguns artigos deste blog. São livros com uma abordagem filosófica, não apenas na área de investimentos, mas em várias outras áreas da vida. Inclusive o autor do livro Rápido e Devagar cita as ideias do livro de Nassim Taleb em vários capítulos para corroborar as suas. É apenas um detalhe dentre vários outros que explicam porque esses dois livros são tão complementares.
  Primeiramente, vamos falar sobre o livro A Lógica do Cisne Negro. A principal mensagem que o autor procura transmitir no livro é que devemos ser antifrágeis, ou seja, que nós devemos formatar uma carteira de investimentos antifrágil, que consiste basicamente em alocar ativos descorrelacionados, onde uns têm baixa volatilidade e outros têm alta volatilidade, em uma proporção ideal de forma que a carteira não seja abalada por “Cisnes Negros”. Para quem já leu o livro ou um dos meus artigos em que cito-o, sabe que na verdade o autor recomenda uma estratégia chamada Barbell (estratégia do supino), que consiste em alocar 90% da carteira em títulos públicos e 10% em opções de ações. Pelos motivos já explicados no último artigo em que falei sobre essa estratégia, não curto muito adotá-la aqui no Brasil. Mas a antifragilidade pode ser perfeitamente obtida por várias outras estratégias, já bastante discutidas nos artigos publicados neste ano.
  Já o livro Rápido e Devagar, do autor ganhador do prêmio Nobel de Economia Daniel Kahneman é uma das obras filosóficas mais respeitadas da atualidade. Suas ideias tiveram um impacto profundo em várias áreas, como economia, psicologia, medicina e política. A principal mensagem que o autor procura transmitir no livro é que a tomada de decisões de todo e qualquer ser humano nunca será puramente racional, mas sim permeada por pensamentos, sentimentos e impulsos. E isso é comprovado exaustivamente no livro através de uma infinidade de pesquisas acadêmicas. No tocante a área de investimentos, o autor comprova que o principal inimigo do investidor são as suas próprias emoções, quando ele fala que o pensamento predominante na tomada de decisões é o de perda, ou seja, mesmo sabendo que as probabilidades lhe são desfavoráveis, o investidor persiste na decisão errada, pois o pensamento de perda é proporcionalmente maior (mais impactante) do que o pensamento de ganho. O autor também fala sobre vários outros vieses do comportamento humano, como confiança excessiva (lembre-se sempre do círculo de competência), conforto cognitivo, associação equivocada de ideias, e vários outros vieses.
  Mas o colega investidor ainda deve estar se perguntando: “Por que eles são complementares?”. Simples: eles transmitem a mesma mensagem, de formas diferentes, mas é a mesma. E qual é a mensagem? Nenhum ser humano tem o controle sobre o que irá acontecer no mundo no futuro. As variáveis externas que influenciam todas as áreas da vida, não apenas a de investimentos, estão fora do nosso controle. Nós temos controle apenas sobre os nossos hábitos. Nenhum “especialista” pode prever a taxa básica de juros, a taxa de crescimento do PIB, o resultado das próximas eleições, qual será a próxima invenção tecnológica em tal área, quando (e se) haverá uma cura para o câncer, quando (e se) haverá uma guerra mundial, enfim, é impossível prever qualquer coisa. Por isso que tantos educadores financeiros pregam o seguinte: os fatores mais importantes para a construção de patrimônio são tempo e aporte. Rentabilidade está fora do nosso controle, pois podemos melhorar um pouco, mas nunca determinar, “cravar”.
  Para finalizar, gostaria de dizer que os dois livros são ótimas leituras apesar de em alguns momentos serem enfadonhos, pois ambos têm uma linguagem um pouco mais rebuscada e ambos são repetitivos, ou seja, poderiam ser resumidos em menos capítulos (os autores são um pouco prolixos). Mas são importantes para a construção de mindset do bom investidor. Boa leitura!

Abraços,
Seja Independente


terça-feira, 19 de novembro de 2019

Taxação de dividendos. E agora?


Olá pessoal,
                            
  Alguns leitores já devem ter visto na mídia especializada que existem atualmente no Congresso Nacional várias propostas para acabar com a isenção tributária dos dividendos, ou seja, voltar a taxar os dividendos. Se algum leitor está por fora do assunto, basta pesquisar no Google que vai aparecer uma enxurrada de matérias a respeito. Vou explicar neste artigo que não há tanto motivo para preocupação e pode até ser benéfico para o investidor no longo prazo dependendo da forma como o projeto de lei será votado.
  Primeiramente, o caro colega investidor precisa entender que as chances do Congresso Nacional aumentar a carga tributária das empresas com essa taxação de dividendos são remotíssimas, para não dizer impossível, pois caso contrário seria simplesmente “um tiro no pé” dado por eles. Digo isso porque a população brasileira (famílias e empresas) não aguenta mais pagar tanto imposto sem ter um retorno condizente e aumentar a carga agora iria totalmente de encontro à política expansionista do governo, necessária para a retomada do crescimento econômico, com geração de emprego e renda. Sendo assim, o Congresso provavelmente faria uma compensação, reduzindo a alíquota dos tributos incidentes sobre a pessoa jurídica.
  Mas percebam que essa compensação pode até ser benéfica para os investidores, pois com a redução da carga incidente sobre o PJ, os bens e serviços ficarão mais baratos, permitindo uma maior oferta e demanda e, consequentemente, um maior lucro para os acionistas. Mesmo com a taxação, os dividendos serão proporcionalmente maiores. Isso irá gerar um círculo virtuoso para as empresas e, consequentemente, para os seus acionistas. Sem contar que no futuro poderão até reduzir a alíquota do imposto incidente sobre os dividendos, como uma forma de incentivar a população brasileira a investir nas empresas listadas na Bolsa de Valores.
  Enfim, em relação a essa taxação dos dividendos, melhor dizendo, “fim da isenção tributária dos dividendos”, estou otimista, pois não acredito que o Congresso irá regredir aumentando a carga tributária das empresas, prejudicando não apenas as grandes empresas listadas na Bolsa, mas principalmente as microempresas e empresas de pequeno porte, que são a grande maioria e as que mais geram empregos no nosso país.

Abraços,
Seja Independente