sábado, 28 de dezembro de 2019

Fundos de Investimentos



Olá pessoal,
                            
  Hoje eu vou abordar um assunto muito importante para os investidores, que são os fundos de investimento. Existe atualmente uma variedade muito grande de fundos de investimento, inclusive alguns são desconhecidos pela maioria dos investidores, que são aqueles fundos destinados aos investidores qualificados e profissionais. Vou explicar neste artigo as características de cada classe de fundos e as suas desvantagens, e os cuidados que todo investidor deve ter ao selecionar os fundos para a sua carteira.
  Primeiramente, vamos falar sobre as principais classes de fundos de investimentos regulamentadas pela CVM, aquelas que são mais acessíveis para o público investidor em geral. Existem os fundos de renda fixa, os fundos de ações, os fundos multimercados e os fundos cambiais. Algumas delas têm as suas subclassificações. Por exemplo, dentro da classe de renda fixa, existem os fundos Referenciados, os fundos de Curto Prazo, os fundos de Longo Prazo, os fundos Simples e os fundos de Dívida Externa (veja aqui). Dentro da classe de ações, existem os fundos BDR Nível 1 e os fundos Mercado de Acesso (veja aqui). Já os fundos multimercados e os fundos cambiais não possuem subclassificações. Todos esses fundos de investimento são, via de regra, abertos, o que significa dizer que eles podem ter as suas cotas resgatadas pelo cotista depois de um prazo de carência. Mas existem outros fundos de investimentos regulamentados pela CVM que são fechados, ou seja, as suas cotas não podem ser resgatadas a qualquer momento, apenas nos casos de encerramento do fundo ou venda das cotas no mercado secundário. Dentre eles, os mais conhecidos são os fundos de investimentos imobiliários, cuja aquisição das cotas é realizada da mesma forma das ações, pelo home broker (veja aqui).  
  Agora vamos falar sobre as desvantagens dos fundos de investimentos. Uma desvantagem que é comum a todos eles, com a exceção dos fundos de ações, dos fundos imobiliários, dos fundos de previdência privada e dos fundos de debêntures incentivadas, é o imposto de renda come-cotas. O que seria esse “come-cotas”? É uma antecipação do recolhimento do imposto de renda que ocorre a cada seis meses, no último dia de maio e no último dia de novembro. Esse nome vem justamente do fato desse imposto deduzir as cotas que os cotistas têm no fundo, ao invés de reduzir o valor da cota. Esse IR incide sobre os rendimentos do fundo e não sobre o valor total aplicado. Dito isso, é muito importante para o investidor que gosta de investir através de fundos atentar para esse detalhe. Mas a decisão de aportar nesses fundos vai depender principalmente dos objetivos a serem alcançados. Por exemplo, um investidor pretende morar no exterior definitivamente daqui a alguns anos e decide investir num fundo cambial para não perder poder de compra nos primeiros meses no exterior. Mesmo com esse custo antecipado, o investidor terá as suas necessidades atendidas de forma segura. Outra desvantagem inerente a todos os fundos, sem exceção, é a majoração das taxas de administração dos fundos ao longo do prazo de duração deles. Essa taxa é a remuneração do administrador do fundo e de toda a sua equipe, inclusive do gestor que gerencia o portfólio de ativos do fundo. Em alguns casos, é plausível majorar essa taxa após vários anos de boa gestão e entrega de rentabilidade acima da média do mercado. Lembrando que essa majoração só pode ser efetivada após autorização dos cotistas em Assembleia Geral Extraordinária de Cotistas. Mas em vários outros casos não se justifica a majoração da taxa. Na Assembleia, os cotistas são convencidos a aceitarem essa majoração, sem uma justificativa razoável, corroendo a rentabilidade do fundo ao longo do prazo de duração dele.

Imposto de renda come-cotas

                                   


  Existem outras desvantagens em relação aos fundos de investimentos, mas me ative apenas aos que considero como mais importantes, para o artigo não ficar muito extenso. Por essas e outras razões que eu invisto apenas em fundos imobiliários e ETF (Exchange Traded Fund), pois são fundos que no meu ponto de vista apresentam mais vantagens do que desvantagens. Os fundos imobiliários não sofrem incidência de IR come-cotas, pagam rendimentos mensais isentos de imposto de renda e costumam gerar valor ao longo do tempo (são ativos de renda variável). Já os ETF são excelente instrumento de diversificação, já que são atrelados a um determinado índice e costumam ter baixa taxa de administração. Lembrando aqui que não estou recomendando nenhum tipo de investimento. Cabe ao investidor tomar todos os cuidados antes de investir em um determinado fundo: ler o regulamento e o prospecto do fundo para tomar ciência dos riscos inerentes a ele, entender a política de investimento do fundo e saber se a mesma se encaixa com os seus objetivos, conhecer quem são o administrador e o gestor do fundo, saber a quantidade de cotistas e o valor do patrimônio líquido do fundo, etc.
  Os fundos de investimento geralmente são os primeiros investimentos realizados pelos investidores iniciantes. Mas é necessário entender como eles funcionam antes de decidir se investe ou não investe. Caso o futuro cotista não tenha interesse em se tornar um verdadeiro investidor e não tenha tempo para estudar um pouco a respeito, é interessante contratar um profissional habilitado para assessorá-lo nesses momentos. É um custo que se paga. Afinal, com o nosso dinheiro suado não dá para brincar, não é mesmo?
 
Abraços,
Seja Independente

sábado, 21 de dezembro de 2019

Investimento no Exterior



  Olá pessoal,
                            
  Hoje eu vou abordar um assunto muito importante para os investidores, que é o investimento em ativos no exterior. Como alguns já devem saber, existem duas formas de se investir em ativos internacionais. A primeira é investindo diretamente aportando em uma corretora local através de remessa de dólares. A outra é investindo em produtos lastreados em ativos internacionais emitidos no Brasil, como fundos de investimento em ativos internacionais, ETF (Exchange Traded Fund) e BDR (Brazilian Depositary Receipt). Vou explicar no artigo no que implica investir em cada modalidade e qual deles atende melhor o objetivo específico de cada investidor.
  Primeiramente, vamos falar sobre o investimento direto através de remessa de dólares. Nesse caso, o investidor necessita previamente abrir uma conta em uma corretora de valores no exterior, como por exemplo, a corretora Avenue Securities, que tem sido bastante requisitada pelos brasileiros nos últimos anos (veja matéria). Após abrir a conta, o investidor necessita remeter os dólares para os EUA através de uma instituição financeira que vai cobrar uma taxa para tal serviço. Desde 2016 existe uma plataforma digital em parceria com o Banco Máxima que faz essa remessa de uma forma muito mais acessível, chamada Remessa Online (ver matéria). Ela tem sido muito requisitada desde então, assim como a Avenue Securities. Sendo assim, o investidor não residente nos EUA passa a ter acesso ao maior mercado de valores mobiliários do mundo, com toda a sua gama gigantesca de ativos. Mas vale uma ressalva aqui. O investidor de longo prazo que tem o objetivo de obter renda passiva dos seus investimentos capaz de garantir uma independência financeira a ele, dificilmente vai conseguir isso num tempo razoavelmente esperado pela maioria dos investidores (15 a 20 anos), a não ser que esse investidor tenha uma grande capacidade de aportar somas de recursos relevantes na corretora norte-americana, o que não é o caso da maioria dos investidores brasileiros de renda média. Essa dificuldade de obter uma renda passiva em dólares somada a uma renda passiva em reais, capaz de garantir uma tranquilidade financeira, se deve ao fato dos ativos norte-americanos serem bem menos acessíveis aos brasileiros, começando pela disparidade do câmbio, ou seja, o investidor nacional precisa de um valor hoje QUATRO vezes maior para investir em um ativo internacional de uma forma “equitativa”, sem contar as taxas de remessa. Outro detalhe relevante é que, não apenas hoje, mas historicamente, os ativos norte-americanos são bem mais valorizados do que os ativos brasileiros, ou seja, eles são mais “salgados”, e isso se deve a uma série de fatores, dentre eles, a estabilidade político-econômica dos EUA, diferente do nosso país, que sempre foi instável.




  Mas isso significa dizer que não devemos investir no exterior? De forma nenhuma, muito pelo contrário. E é aí que entra a outra modalidade que é investir em produtos lastreados em ativos internacionais emitidos e distribuídos pelas instituições financeiras nacionais (bancos e corretoras). Em minha opinião, a melhor alternativa e é a que eu utilizo hoje para mim, é o ETF, que nada mais é do que um fundo de ações tendo como referência um índice da bolsa de valores. Esse fundo é gerido por um gestor profissional que compra e vende ações desse índice para obter o melhor resultado possível. A grande vantagem desse produto de investimento é que ele possui taxas de administração mais baixas do que o fundo de investimento tradicional, aumentando, por conseguinte, a rentabilidade. A forma de adquirir cotas de ETF é a mesma adotada para adquirir ações ou cotas de fundo de investimento imobiliário. O único ETF internacional distribuído aqui no Brasil que eu conheço é o IVVB11, gerido pela BlackRock Brasil (ver aqui). Outro produto emitido e distribuído no Brasil é o BDR, que são recibos de depósitos lastreados em ações norte-americanas. Eles se dividem em Patrocinados e Não-Patrocinados. Os Patrocinados são destinados apenas para investidores qualificados, ou seja, são mais restritos. Os Não-Patrocinados são distribuídos ao público em geral, porém são inacessíveis para o investidor de renda média. Existem alguns fundos de BDR Não-Patrocinados distribuídos pelos bancos e corretoras, porém eles exigem uma aplicação mínima e uma taxa de administração mais altas. Prefiro os ETF’s.



  Percebam que o objetivo de diversificação é muito mais acessível para o investidor de renda média do que o objetivo de obter renda passiva. E a diversificação é facilmente obtida investindo em produtos lastreados em ativos internacionais emitidos e distribuídos no nosso país. Mas isso não significa dizer que isso valerá para o investidor de renda média durante toda a sua caminhada, pois muitos fatores podem mudar a estratégia de diversificação adotada inicialmente. Esse investidor pode aumentar drasticamente a sua renda mensal ou receber uma herança muito grande que o permita a investir em outro patamar, acessando o mercado norte-americano de forma mais acessível. Enfim, não existe uma forma ideal para investir no exterior, pois existe uma infinidade de fatores que influenciam a tomada de decisão. Cabe ao investidor ponderar!
 
Abraços,
Seja Independente


sábado, 23 de novembro de 2019

Livro A Lógica do Cisne Negro, do autor Nassim Nicholas Taleb e Livro Rápido e Devagar, do autor Daniel Kahneman







Olá pessoal,
                            
  Alguns leitores já devem estar se perguntando por qual motivo irei falar sobre dois livros em um único artigo. E eu respondo: porque eles são complementares. Acredito que muitos investidores já devem ter ouvido falar neles, inclusive já citei o livro de Nassim Taleb em alguns artigos deste blog. São livros com uma abordagem filosófica, não apenas na área de investimentos, mas em várias outras áreas da vida. Inclusive o autor do livro Rápido e Devagar cita as ideias do livro de Nassim Taleb em vários capítulos para corroborar as suas. É apenas um detalhe dentre vários outros que explicam porque esses dois livros são tão complementares.
  Primeiramente, vamos falar sobre o livro A Lógica do Cisne Negro. A principal mensagem que o autor procura transmitir no livro é que devemos ser antifrágeis, ou seja, que nós devemos formatar uma carteira de investimentos antifrágil, que consiste basicamente em alocar ativos descorrelacionados, onde uns têm baixa volatilidade e outros têm alta volatilidade, em uma proporção ideal de forma que a carteira não seja abalada por “Cisnes Negros”. Para quem já leu o livro ou um dos meus artigos em que cito-o, sabe que na verdade o autor recomenda uma estratégia chamada Barbell (estratégia do supino), que consiste em alocar 90% da carteira em títulos públicos e 10% em opções de ações. Pelos motivos já explicados no último artigo em que falei sobre essa estratégia, não curto muito adotá-la aqui no Brasil. Mas a antifragilidade pode ser perfeitamente obtida por várias outras estratégias, já bastante discutidas nos artigos publicados neste ano.
  Já o livro Rápido e Devagar, do autor ganhador do prêmio Nobel de Economia Daniel Kahneman é uma das obras filosóficas mais respeitadas da atualidade. Suas ideias tiveram um impacto profundo em várias áreas, como economia, psicologia, medicina e política. A principal mensagem que o autor procura transmitir no livro é que a tomada de decisões de todo e qualquer ser humano nunca será puramente racional, mas sim permeada por pensamentos, sentimentos e impulsos. E isso é comprovado exaustivamente no livro através de uma infinidade de pesquisas acadêmicas. No tocante a área de investimentos, o autor comprova que o principal inimigo do investidor são as suas próprias emoções, quando ele fala que o pensamento predominante na tomada de decisões é o de perda, ou seja, mesmo sabendo que as probabilidades lhe são desfavoráveis, o investidor persiste na decisão errada, pois o pensamento de perda é proporcionalmente maior (mais impactante) do que o pensamento de ganho. O autor também fala sobre vários outros vieses do comportamento humano, como confiança excessiva (lembre-se sempre do círculo de competência), conforto cognitivo, associação equivocada de ideias, e vários outros vieses.
  Mas o colega investidor ainda deve estar se perguntando: “Por que eles são complementares?”. Simples: eles transmitem a mesma mensagem, de formas diferentes, mas é a mesma. E qual é a mensagem? Nenhum ser humano tem o controle sobre o que irá acontecer no mundo no futuro. As variáveis externas que influenciam todas as áreas da vida, não apenas a de investimentos, estão fora do nosso controle. Nós temos controle apenas sobre os nossos hábitos. Nenhum “especialista” pode prever a taxa básica de juros, a taxa de crescimento do PIB, o resultado das próximas eleições, qual será a próxima invenção tecnológica em tal área, quando (e se) haverá uma cura para o câncer, quando (e se) haverá uma guerra mundial, enfim, é impossível prever qualquer coisa. Por isso que tantos educadores financeiros pregam o seguinte: os fatores mais importantes para a construção de patrimônio são tempo e aporte. Rentabilidade está fora do nosso controle, pois podemos melhorar um pouco, mas nunca determinar, “cravar”.
  Para finalizar, gostaria de dizer que os dois livros são ótimas leituras apesar de em alguns momentos serem enfadonhos, pois ambos têm uma linguagem um pouco mais rebuscada e ambos são repetitivos, ou seja, poderiam ser resumidos em menos capítulos (os autores são um pouco prolixos). Mas são importantes para a construção de mindset do bom investidor. Boa leitura!

Abraços,
Seja Independente


terça-feira, 19 de novembro de 2019

Taxação de dividendos. E agora?


Olá pessoal,
                            
  Alguns leitores já devem ter visto na mídia especializada que existem atualmente no Congresso Nacional várias propostas para acabar com a isenção tributária dos dividendos, ou seja, voltar a taxar os dividendos. Se algum leitor está por fora do assunto, basta pesquisar no Google que vai aparecer uma enxurrada de matérias a respeito. Vou explicar neste artigo que não há tanto motivo para preocupação e pode até ser benéfico para o investidor no longo prazo dependendo da forma como o projeto de lei será votado.
  Primeiramente, o caro colega investidor precisa entender que as chances do Congresso Nacional aumentar a carga tributária das empresas com essa taxação de dividendos são remotíssimas, para não dizer impossível, pois caso contrário seria simplesmente “um tiro no pé” dado por eles. Digo isso porque a população brasileira (famílias e empresas) não aguenta mais pagar tanto imposto sem ter um retorno condizente e aumentar a carga agora iria totalmente de encontro à política expansionista do governo, necessária para a retomada do crescimento econômico, com geração de emprego e renda. Sendo assim, o Congresso provavelmente faria uma compensação, reduzindo a alíquota dos tributos incidentes sobre a pessoa jurídica.
  Mas percebam que essa compensação pode até ser benéfica para os investidores, pois com a redução da carga incidente sobre o PJ, os bens e serviços ficarão mais baratos, permitindo uma maior oferta e demanda e, consequentemente, um maior lucro para os acionistas. Mesmo com a taxação, os dividendos serão proporcionalmente maiores. Isso irá gerar um círculo virtuoso para as empresas e, consequentemente, para os seus acionistas. Sem contar que no futuro poderão até reduzir a alíquota do imposto incidente sobre os dividendos, como uma forma de incentivar a população brasileira a investir nas empresas listadas na Bolsa de Valores.
  Enfim, em relação a essa taxação dos dividendos, melhor dizendo, “fim da isenção tributária dos dividendos”, estou otimista, pois não acredito que o Congresso irá regredir aumentando a carga tributária das empresas, prejudicando não apenas as grandes empresas listadas na Bolsa, mas principalmente as microempresas e empresas de pequeno porte, que são a grande maioria e as que mais geram empregos no nosso país.

Abraços,
Seja Independente

sábado, 5 de outubro de 2019

Receita caseira para quem não se interessa!


Olá pessoal,
                            
  Alguns devem estar se perguntando o que eu quero dizer com “não se interessa”. Na verdade, esse artigo é uma continuação do último artigo publicado chamado “A pergunta que não quer calar: a taxa Selic caiu. E agora?”. Neste artigo vou focar mais especificamente naquele público de investidores que não se interessam por investimentos, seja por que tem medo do desconhecido ou por que não gostam do assunto. A receita caseira a que me refiro no artigo é uma estratégia de investimentos que pode ser adotada por qualquer pessoa. Vou explicar no que ela consiste.
  Primeiramente, é importante estabelecer aqui o público alvo para a adoção dessa “receita caseira”, que são aqueles investidores muito conservadores, que sempre investiram na caderneta de poupança ou naqueles fundos de investimentos/previdência privada dos bancos com taxas de administração abusivas, e na melhor das hipóteses, em imóveis físicos. Para sermos bem sinceros, a grande maioria dos brasileiros que tem o hábito de poupar tem esse perfil de investidor (se é que podemos chama-los disso). São pessoas que ainda carecem de educação financeira, pois sabemos que esse assunto, historicamente, não é ensinado em sala de aula no nosso país. Chega a ser uma questão cultural. Como alguns devem saber, no Brasil existem pouco mais de 1 (hum) milhão de CPFs cadastrados na Bolsa de Valores de São Paulo, ou seja, apenas um pequeníssimo percentual da população brasileira investem diretamente na “fonte”, cerca de 0,5% da população total. Na Colômbia, país latino-americano assim como nós, esse percentual chega a 6% (fonte). Então, para esse tipo de público, a “receita caseira” irá funcionar com eficiência, permitindo ao investidor muito conservador ter tempo livre para trabalhar no que é bom (lembre-se do círculo de competência) e ao mesmo tempo atingir os seus objetivos. E no que ela consiste? Investir a maior parte da carteira em Tesouro Selic, variando de 70 a 90%, de acordo com o perfil do investidor, e o restante em ETF brasileiro (BOVA11) e ETF norte-americano (IVVB11). O investidor poderá aportar periodicamente nessas três classes de ativos e dormir tranquilamente, sem se preocupar com nada. Com toda a certeza, essa “receita caseira” performará melhor do que muitas previdências privadas de grandes bancos, permitindo ao investidor uma massa de recursos digna de uma bela aposentadoria. Vale salientar que essa estratégia apenas surtirá efeito se for através de uma corretora/distribuidora de valores imobiliários independente, onde o spread bancário é bem menor do que os dos grandes bancos, pois os custos também contam no resultado final.
  Mas como nem tudo são flores, essa estratégia também possui desvantagens. Ela não permitirá ao investidor obter renda passiva, pois os proventos das ações que compõem os ETFs são reinvestidos no próprio ETF, não sendo assim disponibilizados ao investidor. Outra desvantagem é o fato de o investidor não ter muita margem de manobra para alterar, pois os custos para tal são mais altos, como as alíquotas do imposto de renda do Tesouro Selic e do ETF norte-americano IVVB11, inviabilizando os resgates que porventura o investidor queira realizar. Entretanto, se o investidor tiver plena consciência de suas limitações, como inaptidão para investir por conta própria e tempo para estudar, e resolver adotar essa estratégia com fidelidade irrestrita, ele pode ter ótimos resultados no longo prazo e em alguns casos se sair até melhor dos que muitos investidores com um bom tempo de estrada.
  Enfim, cabe ao investidor decidir o que é melhor para o seu futuro. É melhor, em minha opinião, que o investidor, por mais conservador que seja, tome decisões que o tirem da zona de conforto e o coloque em um patamar mais elevado no futuro, do que depender de terceiros na velhice, seja o governo por meio de uma previdência pública ou um banco por meio de uma previdência privada com taxa abusiva. Lembrem-se, apenas o conhecimento liberta, em qualquer área da vida. Na área dos investimentos não é diferente!

Abraços,
Seja Independente

domingo, 22 de setembro de 2019

A pergunta que não quer calar: a taxa Selic caiu. E agora?


Olá pessoal,
                                                                                                                                                        
  Como todos devem saber, nessa última semana o COPOM (Comitê de Política Monetária) do Banco Central cortou mais 0.5 pp (meio ponto percentual) da taxa Selic, fixando-a em 5,5% ao ano. E tenho visto muitos investidores perguntarem aonde deveria investir a partir de agora, após esse corte. Quem faz esse tipo de pergunta ainda não compreendeu o que é investir. Eu sei que é duro para alguns investidores ler esse tipo de comentário, mas é a verdade! Mas primeiro deixem-me explicar as razões para tal comentário.
  Primeiramente, o investidor deve compreender que existem 03 (três) pilares que sustentam qualquer investimento: rentabilidade, liquidez e segurança. Cada investimento deve possuir cada um desses três pilares, não necessariamente na mesma escala, mas em escalas diferentes. O que vai definir a escolha por um investimento é o objetivo a ser atingido pelo investidor, podendo ser: formar patrimônio e/ou receber renda passiva, diminuir o risco total da carteira, ou constituir reserva de emergência. Cada tipo de investimento vai atender cada um desses objetivos de acordo com os pilares mais fortes que cada um deles possui. Uns têm uma escala maior em rentabilidade, como as ações e os fundos imobiliários, então serão ideais para formar patrimônio e/ou receber renda passiva. Outros têm uma escala maior em liquidez, como o título público tesouro Selic ou a caderneta de poupança, então serão ideais para constituir reserva de emergência. Outros já têm uma escala maior em segurança, como os títulos públicos atrelados à inflação, então serão ideais para diminuir o risco total da carteira. Mas vale ressaltar que isso não quer dizer que esses investimentos não tenham os outros pilares. Eles têm sim, mas em menor escala. Por exemplo, quem pretende constituir uma reserva de emergência deve optar por investimentos com maior liquidez, ou seja, com maior facilidade para transformar em dinheiro. Os investimentos apropriados para formar patrimônio não possuem muita liquidez e, sendo assim, não devem ser escolhidos para tal finalidade.





  Diante do exposto acima, já podemos responder a pergunta que não quer calar: a taxa Selic caiu. E agora? E agora não muda nada. A estratégia de investimento permanece a mesma, sem alterações. Você poderá continuar aplicando no tesouro Selic sem se preocupar com a rentabilidade, pois esse pilar aqui não nos interessa. O que interessa aqui é a liquidez, pois esse investimento servirá para constituir a nossa reserva de emergência, podendo até diminuir o risco total da carteira, diga-se de passagem. Para aqueles investidores conservadores que investiam no tesouro Selic com o objetivo de formar patrimônio, não se preocupem. Essa lacuna aberta com o corte da Selic pode ser preenchida com uma alocação pequena em fundos de ações ou em ETF, como o BOVA11 ou o IVVB11, ou em fundos imobiliários. Se ainda assim se sentirem inseguros com posições em renda variável, mesmo que muito pequenas, lamento informar, mas mesmo na renda fixa (ou será perda fixa?), o risco não desaparecerá. Existem ativos de renda fixa com rentabilidades mais atraentes do que as dos títulos públicos, como os CDB de bancos e as debêntures de empresas, mas o risco de calote é maior. Você pode até questionar o seguinte: “Ah, mas caso eu leve o calote o FGC (Fundo Garantidor de Crédito) irá me ressarcir”. Mas em alguns casos o FGC leva vários meses para ressarcir os credores que levaram calote (ver matéria). E aí entra a questão do custo de oportunidade. Enquanto você aguarda o ressarcimento, o seu dinheiro poderia estar rendendo em outro investimento. Resumindo, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. O risco é inerente a todos os investimentos, sejam eles de renda fixa ou de renda variável. O que podemos fazer é administrar os riscos através de uma boa diversificação e posições em reservas de valor (criptomoedas e metais preciosos, por exemplo).
  Enfim, é primordial para o investidor compreender as peculiaridades de cada tipo de investimento. Não existe investimento bom e investimento ruim, mas sim investimento ideal para cada objetivo e para cada perfil. Não confundir com produtos bancários, como consórcios, títulos de capitalização e previdências privadas e fundos de investimentos com taxas de administração abusivas, que atendem única e exclusivamente aos interesses dos bancos e não aos interesses dos clientes. Não os considero como investimentos, pois em todos eles os pilares da rentabilidade e da segurança são frágeis ou quase inexistentes. As únicas exceções são a caderneta de poupança e raríssimos fundos de investimento com baixíssima taxa de administração, pois esses possuem o pilar da liquidez, somente. Hoje já é possível investir através de corretoras. Em menos de uma hora consegue-se abrir uma conta e muitas delas isentam o investidor de taxa de corretagem e taxa de custódia, vantagem que não existe nas corretoras dos grandes bancos. Fica a dica!

Abraços,
Seja Independente

domingo, 15 de setembro de 2019

O Brasil não voltará a crescer como antes!


Olá pessoal,
                                                                                                                                                        
  Hoje irei escrever um pouco de macroeconomia, mais especificamente sobre o crescimento do PIB (produto interno bruto) brasileiro nos próximos anos. Esse artigo é uma continuação da série de artigos sobre macroeconomia brasileira que já escrevi aqui no blog, e o último foi “Não sejamos otimistas demais!”, publicado em fevereiro. Mas dessa vez vou focar exclusivamente nos aspectos econômicos, sem me ater aos investimentos, pois deixei bem claro a minha posição nesses outros artigos.
  Pois bem, como muitos investidores devem saber, a média de crescimento do PIB brasileiro nas últimas três décadas, ou seja, nos últimos governos após a redemocratização, foi de 2,5% (dois e meio por cento) ao ano (ver gráfico). A maior parte dessa média, entre 1,5 e 2%, foi devido ao bônus demográfico que contribuiu para o aumento da força de trabalho, em todos os setores da economia. O restante da média se deveu de fato a eficiência na produtividade. Porém, esse bônus demográfico não existe mais, pois a tendência no Brasil é de famílias terem menos filhos, diminuindo a taxa de natalidade, o que, por conseguinte, diminui o crescimento da força de trabalho no longo prazo. Mas o problema não é apenas esse. Como muitos investidores bem informados devem saber, uma boa parte da força de trabalho brasileira é composta por jovens e adultos com péssimo nível educacional, onde muitos têm dificuldade de interpretar textos e calcular as quatro operações básicas (são analfabetos funcionais) e tampouco sabem falar e escrever um segundo idioma como também possuir noções básicas de informática. Isso é um grande entrave para o crescimento da produtividade. Além disso, também sabemos que o Estado brasileiro sempre foi o principal indutor do nosso crescimento econômico, através de investimentos em infraestrutura e em serviços públicos, como saúde e educação. Quando explode uma crise como essa última agora, faltam recursos para esses investimentos, impactando fortemente no crescimento do PIB.




  Portanto, é de se esperar que no curto e médio prazo o PIB brasileiro não voltará a crescer no mesmo patamar de antes. Isso é fato! Para voltar a crescer serão necessárias algumas medidas enérgicas que consigam sobrepujar a lacuna aberta deixada pela perda do bônus demográfico. A primeira delas é fortalecer a iniciativa privada e diminuir o tamanho do Estado brasileiro, pois este depende do anterior para sobreviver. Sem arrecadação de impostos, o Estado perde a capacidade de investir em infraestrutura e em serviços públicos básicos. A segunda medida é investir em educação básica de forma eficiente para que as futuras gerações possam ter condições de se qualificar para o mercado de trabalho. Mas essa medida requer muito tempo para gerar frutos. Até lá a terceira medida ajudará no crescimento do PIB, que é uma maior abertura comercial e uma maior importação de capital financeiro, físico e humano, mais especificamente direcionado para o nosso principal setor econômico, o agronegócio. A economia doméstica brasileira, isoladamente, não tem potência suficiente para destravar o crescimento do nosso PIB nas próximas décadas.
  Enfim, acredito que temos potencial para voltar a crescer como antes, mas implementando as medidas elencadas acima. Sendo implementadas, nosso PIB tem potencial para crescer até mais do que a média das últimas décadas. Não acredito que a nossa economia ficará estagnada, como aconteceu com o Japão, por exemplo. Até porque o Brasil possui vantagens que outros países não têm, como potencial agrícola gigantesco, população economicamente ativa grande (por enquanto) e boas relações diplomáticas com o restante do mundo. Por isso eu digo: o Brasil não voltará a crescer como antes, pois vai crescer mais!
 
Abraços,
Seja Independente

sábado, 17 de agosto de 2019

Diversificação e descorrelação de ativos!


Olá pessoal,
                                                                                                                                                        
  Hoje irei escrever novamente uma autocrítica sobre a minha conduta como investidor, assim como fiz no artigo “Não superestime as suas competências!”, publicado em maio deste ano. Mas desta vez a autocrítica se relaciona a erros menos graves. Trata-se da diversificação com a melhor alocação possível de ativos descorrelacionados. Vou explicar do que se trata essa descorrelação. Existem dois tipos de risco em qualquer carteira de investimentos: o risco sistemático e o risco não sistemático ou específico. O primeiro se refere aquele risco que impacta toda a sua carteira indistintamente, como por exemplo, uma crise financeira mundial, as eleições de um presidente que não agrada os mercados, etc. Já o segundo se refere a um risco que impacta especificamente uma empresa ou um subsetor da economia, como por exemplo, uma empresa envolvida em caso de corrupção ou a regulação de um subsetor que interfere diretamente em seus preços praticados no mercado.




  No meu caso em particular, o que foi que aconteceu? No início da minha formação de carteira, procurei dar preferência somente a ações de empresas de um mesmo subsetor dentro daqueles setores resilientes ou como costumam falar, “blindados” contra crises econômicas, ou anticíclicos, como são o caso dos setores financeiro, elétrico, saúde e educação. Para ser mais específico, eu tinha em minha carteira dois bancos, duas seguradoras, duas geradoras de energia elétrica, duas administradoras de plano de saúde e duas educacionais. É como se eu tivesse investindo nas concorrentes do mesmo subsetor para ver no que dava, sem ter ideia do risco que estava correndo. Uma regulação forte em qualquer subsetor pode impactar profundamente os fundamentos econômicos das empresas inseridas nele. Vimos o caso do setor elétrico, quando a ex-presidente Dilma Roussef interferiu diretamente nos preços das concessionárias de energia elétrica, apesar de ter sido uma regulação temporária. Também estamos vendo uma mudança mercadológica no setor bancário, onde os grandes bancos estão sendo ameaçados pelas corretoras de valores mobiliários, como é o caso da XP Investimentos, que por sinal já foi adquirida pelo Banco Itaú (sinal de alerta ligado), como também estão sendo ameaçados pelos bancos digitais, como são os casos dos bancos Nubank, Inter, Neon, Original, C6 Bank e vários outros que surgem como batata brotando da terra. Querem ver outro caso? O setor educacional, que até eclodir a maior crise econômica da história do Brasil, recebia o incentivo do FIES, programa de financiamento estudantil para estudantes de baixa renda, impactando positivamente o faturamento das empresas educacionais. Com o corte do FIES após a crise, essas empresas perderam muito faturamento e estão tendo que se reinventar para crescer.
  Enfim, ainda surgirão muitos exemplos de riscos para os setores da economia, no Brasil e no exterior, ainda mais nesse início do século 21 onde mudanças disruptivas surgem diariamente. Daí a importância de se diversificar com sabedoria, investindo em ativos descorrelacionados. Como eu tinha dito no final do artigo publicado em maio, esse artigo serve como uma dica valiosa para aqueles que estão começando a investir. E o mais importante é nunca deixar de aprender, reconhecer os erros e fazer as devidas correções ao longo do caminho. Não desanime com os erros, por mais prejuízo que você tenha com eles, porque são eles que irão catapultar o seu sucesso, se você extrair as devidas lições decorrentes de cada um deles. A estrada é tortuosa e dolorosa, mas a recompensa sempre chega para quem acredita!
 
Abraços,
Seja Independente


sexta-feira, 19 de julho de 2019

Brasil e o seu “capitalismo de araque”


Olá pessoal,


  Hoje irei falar sobre uma matéria no Infomoney a respeito de um podcast onde um dos gestores de fundos de investimento mais renomados do país, Henrique Bredda, do fundo Alaska Black, explica que uma injeção de capitalismo pode prejudicar o Ibovespa (ver matéria aqui).  


Gestor Henrique Bredda


  Ele diz o seguinte: O Brasil tem um capitalismo de araque, a gente não tem concorrência em nada. São duas ou três empresas em cada setor. Na Bolsa, que geralmente concentra as líderes setoriais, essas empresas vivem uma situação de oligopólio – com acesso a crédito, capacidade de crescer e margens largas – enquanto as outras sofrem. Esse cenário é um espetáculo para a Bolsa. Primeiramente destaco aqui o termo cunhado pelo gestor, “capitalismo de araque”. Nunca vi um adjetivo tão bem colocado para o nosso capitalismo. Admito que gostei bastante. Mas seguindo em frente, o gestor explica que uma injeção de capitalismo pode estimular novas empresas, nacionais e estrangeiras, a entrarem em setores atualmente dominados por algumas poucas e desbancar essas líderes futuramente. Ele dá o exemplo do setor de maquininhas, onde a líder Cielo teve suas margens corroídas após a entrada de novos competidores. Na verdade, já estamos vendo o surgimento de vários entrantes no mercado financeiro em geral, principalmente o bancário. Mas vale lembrar que alguns deles ainda não abriram capital na Bolsa, ainda não tem histórico de resultados, ainda não caíram no gosto das grandes massas e provavelmente sejam incorporados pelos gigantes do setor futuramente. Na realidade, os gigantes contam com uma vantagem perante esses novos entrantes: a falta de educação financeira das massas. O educador financeiro Leandro Ávila do Clube dos Poupadores explica isso muito bem neste artigo aqui. E esse fenômeno que está ocorrendo no setor financeiro também pode acontecer em outros setores. Principalmente os setores mais sensíveis às mudanças tecnológicas. Mas mesmo que essa “destruição de valor” ocorra, ela não acontece do dia para a noite, ela acontece de uma forma lenta e gradual.
  O investidor precisa entender que ninguém possui uma bola de cristal para prever o futuro, mas não é por isso que ele deve deixar de investir na empresa ou no setor A, B ou C. Se o investidor perceber através dos indicadores que a empresa está perdendo os seus fundamentos, basta tomar a decisão de vender as ações pelo preço que o “senhor mercado” aceitar e comprar as ações de outra empresa. Portanto, não há motivo para preocupação. Continue estudando e tendo paciência. O importante é nunca parar!

Abraços,
Seja Independente

domingo, 14 de julho de 2019

Alguns insights sobre o Brasil


Olá pessoal,

  Hoje irei falar sobre alguns insights sobre o Brasil que me vieram à mente baseando-se em alguns fatos que vieram à tona nessa semana. Trata-se de uma triste constatação em relação ao nosso país e que corrobora a minha tese descrita nos artigos anteriores de que os nossos fundamentos econômicos ainda são ruins.
  Como todos devem saber, a reforma da previdência foi aprovada em 1ª turno na câmara dos deputados. Devemos comemorar, sim, mas ainda com ressalvas. Logo após a aprovação do texto-base, iniciou-se a votação dos destaques que desidratam a reforma, como foi o caso de algumas categorias, como policiais e professores. Admito que se tratam de correções no texto que visam eliminar uma certa dose de injustiça com essas categorias que são tão honradas, mas que impactam a previdência dos demais, pois esses terão que custear essas correções. Além disso, estados e municípios ficaram de fora, pelo menos até o presente momento. A base governista ainda tem esperança de inseri-los através de uma PEC quando a reforma chegar ao senado, mas será muito difícil, pois alguns governadores são contra a reforma (dos partidos de oposição). Seria desastroso, para falar o mínimo, se os estados e municípios ficassem de fora da reforma. Muitos deles já não conseguem pagar em dia as suas folhas de pessoal.
  Mas o que mais me chamou atenção nessa semana foram dois fatos: o primeiro se trata da indicação pelo presidente da república do seu próprio filho, deputado federal Eduardo Bolsonaro, para o cargo de embaixador do Brasil nos EUA. Um fato inédito, sem precedentes, na nossa história. Trata-se de um caso flagrante de nepotismo. Para aqueles que acreditaram que Jair Bolsonaro iria extinguir a velha política no seu governo, eis a verdade vos sendo revelada. O segundo se trata de uma revelação estarrecedora do humorista do Casseta e Planeta Marcelo Madureira em um vídeo no youtube. Ele afirmou que o cartório cobrou, pasmem, pela renovação do atestado de óbito do seu falecido pai. Onde está o bom senso em cobrar por uma coisa dessas, se a pessoa morre apenas uma vez? Realmente é um descalabro. Percebam meus caros colegas, que o nosso país ainda permite práticas dignas do coronelismo do século 19, ou seja, ainda temos idiossincrasias, bizarrices e aberrações que existiam apenas em países atrasados nos séculos passados. Por isso que ainda somos um país atrasado, um país que não é para amadores, como muitos dizem. Percebam que o problema é de dentro para fora, o problema está em nós mesmos, o maior problema do Brasil é o brasileiro, pois é uma questão cultural, onde princípios, conceitos e valores éticos e morais errados são transmitidos através de gerações. Percebam que todos esses nossos vícios se refletem em leis erradas, todas, inclusive a constituição cidadã. E isso termina desaguando em corrupção, violência, pobreza, ignorância e outras mazelas sociais.
  Falta claramente um senso de coletivo, de patriotismo, na nossa sociedade. Acho engraçado o brasileiro achar que patriotismo é colocar a mão no lado esquerdo do peito, estufar os pulmões e cantar o hino nacional em jogo de copa do mundo, quando na verdade é muito mais do que isso. E muitas vezes fico me perguntando por que existe essa cultura no nosso país. Acredito que existem vários fatores sociais e geográficos. O Brasil herdou o intervencionismo estatal de Portugal e assim já começou errado. Some-se a isso uma diversidade cultural e religiosa de vários povos diferentes, como índios, africanos e europeus. Some ainda o fato de termos uma população e uma extensão territorial muito grande. É como se houvesse um vácuo de identidade nacional, de coesão social, de patriotismo, onde cada brasileiro não pensa no bem-estar da sociedade brasileira em geral, mas apenas em seu próprio umbigo. É como diz o matuto: “farinha pouca, meu pirão primeiro”. Muitos culpam os políticos pelos nossos problemas. Mas ora bolas, os nossos políticos são uma amostra da nossa sociedade. Muitos podem me achar pessimista, eu sei. Mas o que eu quero dizer aos apressados é que avanços, como pessoas nas ruas cobrando os políticos, operação lava-jato e reformas fiscais ainda são um microcosmo de uma tentativa embrionária de uma parcela da sociedade de mudar o país para melhor. Ainda estamos vivenciando diariamente vícios de um Brasil ainda velho, corrupto e violento para os seus compatriotas. Vai demorar muito ainda para respirarmos um ar livre de todas essas impurezas que apenas encontramos em países desenvolvidos.
  Mudando o foco para o universo dos investimentos, todos esses fatos ainda corroboram a minha tese conservadora. Para ser mais específico, quem é buy and hold e está focado em formar patrimônio, evite casos de turn around, small caps com pouco tempo de bolsa e empresas cíclicas (com algumas exceções). Não quero convencer ninguém a adotar a mesma estratégia adotada por mim, mas apenas alertá-los. Como já foi dito, o Brasil não é para amadores. Se o investidor acha que agora o Brasil vai crescer ininterruptamente por várias décadas e casos de pedido de falência e recuperação judicial vão diminuir e, sendo assim, não há motivo para pessimismo, reflita um pouco mais. Os nossos fundamentos macroeconômicos ainda são ruins e continuarão num patamar ruim, com uma melhora lenta e gradual ao longo de vários anos. Mas se o investidor que é agressivo discorda de mim, vai em frente. Apenas lembre-se que deverá estudar muito e contar com um pouco de sorte.
  Lembre-se que os fatores tempo e aporte são os mais importantes, como dizem os educadores financeiros. Apenas investir não vai te enriquecer da noite para o dia. Eu já me convenci disso. E você, já se convenceu?

Abraços,
Seja Independente


sábado, 29 de junho de 2019

Livro O Poder do Subconsciente, do autor Dr. Joseph Murphy




Olá pessoal,

  Hoje irei falar sobre esse livro muito interessante, chamado O Poder do Subconsciente, do autor Joseph Murphy, considerado um dos livros mais populares de auto-ajuda já escritos. Mas aí você pode se perguntar o que tem a ver um livro de auto-ajuda com os meus investimentos, e eu te respondo: muita coisa a ver. Vou explicar trazendo aqui alguns trechos do livro.
  No capítulo 3 “O poder milagroso de seu subconsciente”, ele afirma o seguinte: Em toda natureza você vai encontrar a lei da ação e reação, de repouso e movimento. As duas têm que se contrabalançar, e, quando isso ocorre, há harmonia e equilíbrio. Você está aqui para deixar que o princípio da vida flua rítmica e harmoniosamente em sua pessoa. O que entra e o que sai devem ser iguais. Gravação e impressão devem ser idênticas. Toda sua frustração tem por origem desejos insatisfeitos. O que ele quer dizer? Se você, investidor, ainda possui crenças, valores e conceitos em relação a dinheiro e prosperidade que te condicionam a permanecer na pobreza ou endividado, de nada vai adiantar formatar uma carteira de investimentos. Nem comece. Se você ainda pensa que todo rico é ganancioso, que dinheiro é a raiz de todo o mal, que “avareza” (termo pejorativo para frugalidade) é pecado e que o normal é gastar mais do que o que ganha e não o contrário, sinto muito lhe dizer, mas você nunca será rico, próspero ou independente financeiramente. Se você investe para ter um “complemento” na sua aposentadoria para te ajudar a pagar as contas, mas ainda possui essas crenças limitantes, você não conseguirá atingir nem esse objetivo, porque com o tempo você não dará a devida importância e perderá o foco e a disciplina. E por quê? Porque vontade é tudo. O segredo do sucesso está dentro de você, na sua mente, e não fora. Portanto, não vá nessa onda da igreja apostólica romana que prega “é mais fácil um camelo passar por uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus”. O dinheiro não é a raiz de todas as mazelas, mas sim as atitudes dos “ricos” mesquinhos e gananciosos. Você pode fazer coisas maravilhosas com o dinheiro e até se tornar uma pessoa melhor do que era antes. Você pode até desejar apenas se tornar independente financeiramente, ou até mesmo não investir por não gostar, mas ganhar dinheiro somente trabalhando. Ainda assim, se tiver as crenças limitantes, continuará “escravo” do dinheiro.
  No capítulo 9 “Como usar o poder de seu subconsciente para adquirir riqueza”, ele fala sobre a inveja: É devastador abrigar pensamentos de inveja, porque o fato coloca-o em uma posição negativa. E por isso mesmo a riqueza corre para longe e não para perto de você. Se você fica aborrecido ou irritado com a prosperidade ou a riqueza de outra pessoa, diga imediatamente que lhe deseja a maior riqueza possível. Dessa maneira, você neutralizará os pensamentos negativos e fará com que a riqueza flua em sua direção, de acordo com a lei do subconsciente. Esse trecho, em minha opinião, é o que explica o principal obstáculo para o investidor, a lacuna comportamental, que é a necessidade de comparar a sua grama com a grama do vizinho. A grama do vizinho sempre é mais verde, não é verdade? Essa necessidade é o que faz o investidor ter pressa para alcançar o seu objetivo, aumentando demasiadamente o risco da carteira ou assumindo uma posição ativa que não é sua, pois não foi talhado para tal. E também é o que faz qualquer pessoa desaforar o dinheiro, numa busca incessante em mostrar ao vizinho que é mais rico, mesmo que para isso tenha que se endividar. Não existe ditado mais certo do que esse, “dinheiro não leva desaforo para casa”. E a maioria das pessoas somente percebe isso a duras penas, infelizmente.   
  Também merecem uma menção honrosa os capítulos 10 “Seu direito de ser rico” e 11 “A mente subconsciente como sócia em seu sucesso”. Neles você encontrará vários trechos que corroboram os trechos anteriormente citados, talvez sendo os capítulos mais importantes para o investidor. Já no capítulo 12 “Como cientistas usam a mente subconsciente”, o autor afirma: Ao buscar orientação, você simplesmente pensa na ação correta. Isso significa que usa a inteligência infinita existente na mente subconsciente a um ponto em que ela começa a agir por seu intermédio. Desse instante em diante, seu curso de ação é dirigido e controlado pela sabedoria interior residente em você, que tudo sabe e é onipotente. Suas decisões serão corretas. Só poderá haver ação correta porque você está sob uma compulsão subjetiva para fazer a coisa certa. Uso a palavra compulsão porque a lei do subconsciente é compulsória. Apesar de nesse capítulo o autor do livro focar no uso da mente subconsciente pelos cientistas, esse trecho vale também para os investidores, no momento em que ele fala de compulsão, não no sentido mais pejorativo do termo, quando nos referimos à compulsão por comida, drogas, compras, mas sim no sentido de ter uma paixão por algo construtivo, como pesquisar e investir. Quanto mais o investidor for apaixonado pelo universo dos investimentos, mais sucesso ele obterá. Se o investidor puder ler, ouvir ou assistir qualquer assunto relacionado a investimento todo santo dia, durante vários minutos espaçados ao longo do dia, mais preparado e bem talhado ele ficará para ter sucesso nessa empreitada.
  Mas a mensagem mais importante transmitida pelo livro é nunca perder a fé naquilo em que você acredita. Investir, como qualquer outra coisa na vida, também é um ato de fé. Aliás, dizem os sábios que viver já é um ato de coragem. Então faça valer a pena, tenha coragem para se arriscar e construir o teu legado, a tua obra, aquilo para o qual você nasceu!

Abraços,
Seja Independente



sábado, 22 de junho de 2019

Tutorial para iniciantes


Olá pessoal,

  Hoje irei fazer uma espécie de tutorial para iniciantes, mas não aqueles iniciantes que já estão começando a investir em renda variável, mas sim aqueles que estão saindo das dívidas, criando o hábito de poupar uma parte da renda mensal, mas ainda não tem ideia de como começar. Lembrando que o investidor iniciante não precisa necessariamente seguir à risca esse tutorial. Ele é apenas uma forma de começar a se educar financeiramente para que assim o iniciante se sinta mais a vontade para avançar nos investimentos.
  Apenas lembrando que já escrevi um artigo aqui no blog intitulado “Conhecimento, o maior investimento de todos!”, publicado em agosto de 2018 (confiram), onde eu mostrei algumas dicas para os investidores, como uma espécie de tutorial. Mas não sei se aqueles iniciantes que não tem a mínima ideia de como começar, sem uma certa bagagem de educação financeira, conseguiram entender o conteúdo de alguns canais na internet. Portanto, neste artigo vou procurar focar mais naqueles canais para quem está no básico do básico. Conforme falei nesse artigo publicado em agosto de 2018, o site Clube dos Poupadores é o melhor conteúdo que eu já encontrei na internet para quem está iniciando. Aconselho a ler diariamente pelo menos um artigo do site, começando pelo assunto Educação Financeira. Com o tempo pode ir avançando na leitura de artigos sobre assuntos mais “complexos”. É importante que o iniciante tire as lições após a leitura de cada artigo, podendo até registrar em um arquivo no computador ou em uma agenda ou caderno de anotações, e aplique-as na sua vida. O autor do site, Leandro Ávila, sempre se mostrou muito prestativo e atencioso com os seus leitores, respondendo dúvidas, seja através de e-mail ou através de comentários nos artigos. O site é gratuito, você não paga nada para ter acesso aos artigos de excelente qualidade. Leandro também escreve livros e os vende no seu site a preços acessíveis. Portanto, procurem explorar ao máximo esse projeto de vida do grande Leandro Ávila (sou fã dele). Para quem quer ter mais de uma referência, pode também ler alguns livros, como os do Gustavo Cerbasi, apesar de não considera-lo um educador financeiro, mas sim um consultor financeiro (crítica pessoal). Portanto, o iniciante só terá condições de “filtrar” algumas informações contidas nos livros de Cerbasi após adquirir referências com o Clube dos Poupadores. Outra sugestão de autor de livros seria Natália Arcuri, que já tem uma pegada bem mais informal, mas tem um conteúdo de excelente qualidade. Confesso que nunca li um livro dela, mas a minha mãe está lendo o livro Me Poupe e está gostando muito. Considero-a uma educadora financeira assim como o Leandro Ávila, mas não do mesmo quilate. Após a leitura e compreensão dos conteúdos de todos esses canais, ou seja, quando o iniciante já tiver um pouco de educação financeira, sugiro ler o livro Pai Rico Pai Pobre, do autor norte-americano Robert Kiyosaki. Já falei também desse livro, tanto nesse mesmo artigo como em um artigo específico sobre ele publicado logo em seguida, em agosto de 2018 (confiram). É um livro que dispensa maiores comentários, sendo de suma importância para a educação financeira do investidor. Ele derruba crenças, valores e conceitos sobre dinheiro e trabalho que são arraigados desde a nossa infância, transformando toda uma vida.



  Eu poderia continuar falando aqui sobre vários outros sites, livros e cursos sobre investimentos, mas ficaria muito cansativo. Meu objetivo neste artigo é fornecer uma diretriz, um norte, um caminho, para que o iniciante possa obter êxito na sua caminhada e não cometer os mesmos erros que eu cometi ao longo da minha ainda curta caminhada.

Abraços,
Seja Independente

quinta-feira, 20 de junho de 2019

A dificuldade do investidor empreendedor


Olá pessoal,

  Hoje irei fazer uma breve continuação do artigo “Que tipo de investidor você é?”, publicado no início desse mês. E irei adotar a mesma estratégia: tomando como ponto central mais alguns trechos do livro O Investidor Inteligente (gosto muito desse livro), com o intuito de estimular a leitura dele pelos investidores iniciantes e reforçar a ideia que tentei transmitir neste outro artigo.
  No artigo eu falei sobre as dificuldades do investidor empreendedor, dando o exemplo das limitações dos gestores de fundos de investimentos. Pois bem, vou tomar essa ideia como ponto de partida. No capítulo 15 do livro, intitulado “A escolha de ações para o investidor empreendedor”, entre as páginas 417 a 419, o autor é muito feliz em alguns trechos ao tentar explicar as dificuldades enfrentadas pelos analistas e gestores de fundos. Vamos ao primeiro trecho: Com muita frequência, lembramos a analogia entre o trabalho da multidão de analistas de títulos em Wall Street e o desempenho dos jogadores de bridge mestres em um torneio de bridge duplicado. Os primeiros tentam escolher as ações com “mais probabilidade de sucesso”; os últimos, obter os pontos máximos em cada mão jogada. Apenas poucos podem realizar ambos os objetivos. Na medida em que todos os jogadores de bridge têm um nível similar de perícia, os vencedores podem ser determinados por acasos de vários tipos, em vez de pela capacidade superior. Apesar de o autor ser norte-americano e citar “Wall Street”, essa verdade dita por ele serve para qualquer lugar do mundo. Outro trecho bem interessante: Os leitores deste livro, por mais inteligentes e conhecedores que sejam, dificilmente poderiam esperar fazer um trabalho melhor de seleção de carteira do que os melhores analistas do país. No entanto, se é verdade que um segmento razoavelmente grande do mercado acionário é muitas vezes discriminado ou inteiramente desprezado pelas seleções analíticas usuais, então o investidor inteligente pode ter condições para lucrar com as subvalorizações daí resultantes. Porém, para fazer isso, ele precisa seguir métodos específicos que não são geralmente aceitos  em Wall Street, uma vez que os métodos lá aceitos não parecem produzir os resultados que todos gostariam de obter. O que autor quis dizer aqui foi o seguinte: se você não faz parte do seleto grupo dos melhores analistas do país, mas se garante ao selecionar determinados ativos, deve ter em mente que possui conhecimento suficiente para ter plena segurança do que está fazendo e também personalidade suficiente para seguir em frente sem se importar com as opiniões do “Senhor Mercado”.
  Enfim, não estou aqui querendo insinuar que os investidores empreendedores sempre irão perder para o “resto do mercado” ao tentar bater o seu benchmarking. Apenas insisto em afirmar que para se tornar um investidor empreendedor ganhador, se requer tempo, e até lá o investidor defensivo pode ter uma performance superior dentro daquele determinado período, pois lembrem-se que os fatores mais importantes no processo de construção de riqueza é o valor aplicado e o tempo, e não a rentabilidade.

Abraços,
Seja Independente


sábado, 15 de junho de 2019

Marcação a mercado e a miragem da renda fixa


Olá pessoal,

  Hoje irei escrever sobre um assunto que vejo muito em alguns canais no youtube que talvez confunda a cabeça daqueles que estão iniciando agora e precisa ser esclarecido. Trata-se da marcação a mercado dos títulos de renda fixa e a miragem gerada por esses ganhos de curto prazo. Quem é mais conservador, mas ainda está dando os primeiros passos, se ilude facilmente com esse tipo de informação. Vou explicar por que isso acontece.
  Marcação a mercado é a atualização diária do preço de um ativo de renda fixa ou cota de um fundo de investimento. Essa marcação permite ao investidor saber quanto receberia hoje se vendesse aquele título ou aquela cota. Sendo assim, caso o investidor tenha adquirido um título público IPCA + 7% com vencimento em 2035 no ano de 2015, no auge da crise do governo de Dilma Roussef, cuja taxa Selic atingiu o pico de 12,25%, e ele resolvesse resgatá-lo hoje, onde esse mesmo título está precificado em IPCA + 3,5%, esse investidor poderia ter uma rentabilidade de IPCA + 20% ou 30% ou até mesmo 40%. Percebam que se trata de uma rentabilidade digna de renda variável. Diante desse quadro, o conservador tira conclusões apressadas e investe 100% do seu patrimônio em renda fixa. Mas vamos analisar os fatos. Esse tipo de ganho na renda fixa acontece apenas no Brasil e em outros poucos países, como a Rússia, onde os juros reais são os maiores do mundo. Mas se formos fazer uma retrospectiva dos juros reais no Brasil de 20 anos para trás, perceberemos que esses juros estão diminuindo e a tendência é diminuir mais ainda. Basta acompanhar a queda da taxa Selic ao longo de todo esse tempo. Então, consequentemente, essas oportunidades de ganho com a marcação a mercado da renda fixa se tornarão mais raras com o passar do tempo. Talvez essa oportunidade gerada pelo governo de Dilma Roussef seja a última. E vamos ser francos aqui, para obter ganhos desse tipo o investidor conservador também precisa estudar um pouco de Economia, saber as perspectivas da taxa de juros, saber escolher os títulos públicos adequados para os seus objetivos, saber calcular o impacto da variação da taxa na rentabilidade do título de acordo com os respectivos vencimento e rentabilidade contratados, etc. Então, se for estudar mesmo, que estude para obter ganhos muito maiores na renda variável.
  Além disso, existe outro detalhe da renda fixa que os conservadores não se atentam e até já comentei sobre isso em um dos meus primeiros artigos aqui no blog, intitulado “Renda Fixa e a Inflação”, publicado em Julho de 2018 (confiram). O IPCA e outros índices inflacionários divulgados pelo IBGE e outras instituições, além de poderem ser “maquiados”, eles também podem não representar a real inflação da maior parte das famílias brasileiras. Isso acontece porque esses índices “oficiais” divulgados na imprensa são meramente percentuais médios de uma cesta de bens e serviços, levando em consideração várias famílias de diferentes classes sociais e de diferentes regiões. Por mais que as instituições de censo se esforcem na coleta dos dados amostrais, o desvio-padrão “real” desses índices pode ser muito maior do que o divulgado. Se a sua família tem uma renda de alto padrão, tem filhos em escolas particulares, tem plano de saúde para toda a família, tem carro importado que bebe muita gasolina ou diesel, costuma viajar para o exterior todo ano e tem mais de um imóvel, como uma casa de veraneio ou uma sala comercial, e ainda sobra um dinheiro mensalmente para investir TODO na renda fixa, sinto muito dizer, mas você está perdendo poder de compra ao longo do tempo. Então, quando você se surpreender com uma rentabilidade de IPCA + 20 ou 30% em um eventual resgate neste mês, lembre-se que esse IPCA de 3 a 4% ao ano divulgado pelo IBGE desde 2017 talvez não seja o “seu IPCA”. Talvez ele seja de 5 a 15%, por exemplo. E mesmo que você ainda tenha um ganho real, não se iluda, pois esse tipo de ganho não acontece sempre na renda fixa.
    Enfim, não estou aqui querendo desencorajar a investir na renda fixa, mas apenas lembrar que não existe investimento melhor ou pior, apenas investimento com vantagens e desvantagens. O grande segredo é saber filtrar as informações recebidas dos diversos canais de conhecimento e a partir daí ter a sabedoria suficiente para formatar uma carteira bem diversificada e ganhadora!

Abraços,
Seja Independente