sábado, 5 de outubro de 2019

Receita caseira para quem não se interessa!


Olá pessoal,
                            
  Alguns devem estar se perguntando o que eu quero dizer com “não se interessa”. Na verdade, esse artigo é uma continuação do último artigo publicado chamado “A pergunta que não quer calar: a taxa Selic caiu. E agora?”. Neste artigo vou focar mais especificamente naquele público de investidores que não se interessam por investimentos, seja por que tem medo do desconhecido ou por que não gostam do assunto. A receita caseira a que me refiro no artigo é uma estratégia de investimentos que pode ser adotada por qualquer pessoa. Vou explicar no que ela consiste.
  Primeiramente, é importante estabelecer aqui o público alvo para a adoção dessa “receita caseira”, que são aqueles investidores muito conservadores, que sempre investiram na caderneta de poupança ou naqueles fundos de investimentos/previdência privada dos bancos com taxas de administração abusivas, e na melhor das hipóteses, em imóveis físicos. Para sermos bem sinceros, a grande maioria dos brasileiros que tem o hábito de poupar tem esse perfil de investidor (se é que podemos chama-los disso). São pessoas que ainda carecem de educação financeira, pois sabemos que esse assunto, historicamente, não é ensinado em sala de aula no nosso país. Chega a ser uma questão cultural. Como alguns devem saber, no Brasil existem pouco mais de 1 (hum) milhão de CPFs cadastrados na Bolsa de Valores de São Paulo, ou seja, apenas um pequeníssimo percentual da população brasileira investem diretamente na “fonte”, cerca de 0,5% da população total. Na Colômbia, país latino-americano assim como nós, esse percentual chega a 6% (fonte). Então, para esse tipo de público, a “receita caseira” irá funcionar com eficiência, permitindo ao investidor muito conservador ter tempo livre para trabalhar no que é bom (lembre-se do círculo de competência) e ao mesmo tempo atingir os seus objetivos. E no que ela consiste? Investir a maior parte da carteira em Tesouro Selic, variando de 70 a 90%, de acordo com o perfil do investidor, e o restante em ETF brasileiro (BOVA11) e ETF norte-americano (IVVB11). O investidor poderá aportar periodicamente nessas três classes de ativos e dormir tranquilamente, sem se preocupar com nada. Com toda a certeza, essa “receita caseira” performará melhor do que muitas previdências privadas de grandes bancos, permitindo ao investidor uma massa de recursos digna de uma bela aposentadoria. Vale salientar que essa estratégia apenas surtirá efeito se for através de uma corretora/distribuidora de valores imobiliários independente, onde o spread bancário é bem menor do que os dos grandes bancos, pois os custos também contam no resultado final.
  Mas como nem tudo são flores, essa estratégia também possui desvantagens. Ela não permitirá ao investidor obter renda passiva, pois os proventos das ações que compõem os ETFs são reinvestidos no próprio ETF, não sendo assim disponibilizados ao investidor. Outra desvantagem é o fato de o investidor não ter muita margem de manobra para alterar, pois os custos para tal são mais altos, como as alíquotas do imposto de renda do Tesouro Selic e do ETF norte-americano IVVB11, inviabilizando os resgates que porventura o investidor queira realizar. Entretanto, se o investidor tiver plena consciência de suas limitações, como inaptidão para investir por conta própria e tempo para estudar, e resolver adotar essa estratégia com fidelidade irrestrita, ele pode ter ótimos resultados no longo prazo e em alguns casos se sair até melhor dos que muitos investidores com um bom tempo de estrada.
  Enfim, cabe ao investidor decidir o que é melhor para o seu futuro. É melhor, em minha opinião, que o investidor, por mais conservador que seja, tome decisões que o tirem da zona de conforto e o coloque em um patamar mais elevado no futuro, do que depender de terceiros na velhice, seja o governo por meio de uma previdência pública ou um banco por meio de uma previdência privada com taxa abusiva. Lembrem-se, apenas o conhecimento liberta, em qualquer área da vida. Na área dos investimentos não é diferente!

Abraços,
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