quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Diversificação na Renda Fixa


Olá pessoal,
                            
  Hoje eu vou falar sobre uma estratégia de investimentos adotada por investidores conservadores que é a alocação em renda fixa de forma integral, diversificando a carteira. Acredito que esse tipo de estratégia deva ser comum no nosso país, dada a nossa cultura. E com a taxa Selic nesse patamar atual (4,25%), acredito que esse tipo de estratégia deva se tornar muito mais frequente. Vou explicar o motivo.
  Como muitos devem saber, a maioria dos investidores brasileiros que poupam e investem as “sobras” do mês aplicam através dos bancos. E como todo esse público é praticamente conservador, onde existem até clientes de alta renda que investem apenas na caderneta de poupança, quase toda aplicação é alocada na renda fixa. E para piorar a situação, o gerente do banco não tem nenhum interesse em educar financeiramente o cliente, mas sim bater as metas estabelecidas pela instituição em que trabalha. Sendo assim, todo esse público continuará refém dessas instituições na medida em que estas aumentam cada vez mais os seus lucros. Portanto, não restará outra opção para o cliente conservador a não ser investir no CDB que paga 70% do CDI ou no fundo de renda fixa que cobra 5% de taxa de administração. Na melhor das hipóteses, o cliente do banco, após uma orientação de algum familiar ou amigo, abre uma conta numa corretora de valores e transfere seus investimentos para lá, mas continuando na renda fixa através de CDB de banco de médio porte que paga 110% do CDI, mas é mal avaliada pelas agências de rating, ou de debênture quirografária (sem garantia) emitida por Sociedade Anônima (S.A) que paga 120% do CDI, mas também é mal avaliada. O cliente conservador que não investe de jeito nenhum na renda variável porque é arriscado deve entender que em alguns casos o risco na renda fixa é maior do que na renda variável, pois existe um risco na renda fixa que muitos não enxergam, que é o risco de crédito, ou seja, o risco do credor levar um calote do emissor dos títulos de dívida. Além do risco da inflação sobrepujar a rentabilidade do título após o desconto do IR. Por isso não vejo vantagem em diversificar os investimentos somente na renda fixa, pois a função dela é diminuir o risco da carteira. Ora, se eu quero diminuir o risco, por que eu vou aumentar o risco da carteira contraindo risco de crédito? E é aí que entram em cena os títulos públicos federais que são os títulos de renda fixa com o menor risco de crédito do mercado, pois a possibilidade do credor levar um calote do governo federal é pouco provável, ao contrário dos bancos e das sociedades anônimas.
  Quem discordar do meu ponto de vista vai alegar que existe o FGC (Fundo Garantidor de Crédito) para socorrer os credores que levarem calote dos bancos. Mas se esquecem de que o FGC nem sempre consegue garantir o reembolso do cliente num limite razoável de tempo. Às vezes demora três meses ou até mais. E enquanto o cliente estiver aguardando o reembolso, os recursos não estarão rendendo (custo de oportunidade). Outra alegação é a de que mesmo com o risco de crédito presente, a inexistência do risco de mercado compensa. É verdade. Mas no atual patamar de juros, a rentabilidade dos títulos não consegue superar a inflação e a tendência é de que essa situação permaneça assim por um longo período. Para o patrimônio crescer acima da inflação o investidor conservador deverá se arriscar de alguma forma. Se não gostar do mercado financeiro, terá que tocar um negócio. Eu prefiro o mercado financeiro. E você?
 
Abraços,
Seja Independente

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